O Mistério de Marie Rogêt é o segundo conto publicado pelo autor estadunidense Edgar Allan Poe onde seu detetive Dupin aparece, caso você não tenha visto as minhas impressões sobre o primeiro caso do detetive clique aqui.
O conto foi escrito em 1842 e trata-se do primeiro conto policial baseado em detalhes de um crime real, pois o conto foi baseado em um caso que ocorreu nos Estados Unidos em 1841, onde Mary Rogers foi encontrada boiando no rio Hudson, olha Poe inovando mais uma vez!
Contudo, a experiência mostrou, e uma verdadeira filosofia sempre mostrará, que uma vasta parte da verdade, talvez a maior, surge do que é aparentemente irrelevante.
Às 09:00 do dia 22 de Junho, um domingo, foi a ocasião na qual a jovem Marie Roget foi vista pela última vez quando disse que iria até a casa de sua tia e solicitou que seu pretendente lhe buscasse ao anoitecer.
Marie era uma moça humilde que trabalhava de atendente em uma loja, sua mãe era dona de uma pensão e já havia experimentado a aflição do desaparecimento de sua filha em uma ocasião. Ao contrário do primeiro desaparecimento, onde houve o regresso de Marie, esse segundo não teve um desdobramento tão feliz e o corpo da jovem acabou sendo encontrado dias depois na beira de um rio.
Partindo das poucas informações que sabe-se sobre o desaparecimento e munido apenas de artigos de jornais que reportam tanto o desaparecimento, a morte e as possíveis causas, Dupin traça suas próprias conclusões acerca do caso.
Inicialmente o detetive nos apresenta essas reportagens e uma a uma vai descartando aquilo que lhe parece não corresponder à realidade, por isso, o conto possui uma leitura mais complexa e recheada de informações técnicas que servem para refutar alegações feitas pelos jornais da época. Assim, o detetive vai eliminando informações e construindo sua própria interpretação e conclusões sobre o acontecido, porém, sem oferecer uma resposta direta ao leitor, como ocorre no seu caso anterior “Os Assassinatos na Rue Morgue”, aqui o autor se preocupou em mostrar mais sobre o valor do exercício de investigar e apurar informações do que solucionar o crime em si.
O Mistério de Marie Roget é um conto interessante e nos dá uma visão sobre o quanto a mídia pode manipular informações para vender notícias, além de nos abrir os olhos para o fato de que não devemos acreditar em tudo aquilo que lemos, sendo assim devemos seguir o exemplo de Dupin e analisar todas as facetas e tentar chegar a um meio termo sobre o que nos é mostrado. É interessante que mais uma vez ele se utiliza de uma frase (citação no inicio do post) e constrói o conto de forma que a tal frase faça um enorme sentido, afinal, a conclusão obtida pelo detetive e consequentemente por Poe refere-se à um detalhe ignorado por todos os veículos de comunicação da época.
Quantos cafés O Mistério de Marie Roget merece?