SETEMBRO POLICIAL: A Carta Roubada – Edgar Allan Poe

A Carta Roubada (The Purloined Letter) é o terceiro e último registro do personagem detetive Dupin nos escritos de Edgar Allan Poe, tendo sido publicado em 1844, caso você não tenha visto minhas impressões sobre os dois primeiros casos, clique aqui e aqui.

— Se é um caso que exige reflexão — observou Dupin sem acender a luz — é melhor examiná-lo nas trevas.

A Carta Roubada é o conto mais diferente dentre os contos da trilogia Dupin, pois aqui não há nenhum grande crime ou assassinato, há apenas uma situação na qual houve o furto de uma carta. O ladrão já é de conhecimento de todos e este sabe que todos estão cientes de que foi ele que a afanou, portanto, qual seria o grande mistério que faz com que o Inspetor G novamente recorra aos serviços de Dupin?

O grande mistério do conto é o esconderijo da tal carta que trata-se de um documento da realeza furtado por um ministro para ser utilizado como instrumento de chantagem, o Inspetor G e toda a polícia de Paris já realizou diversas e minuciosas, recorrendo até ao uso de um microscópio, revistas ao palacete do ministro, devido a sua frequente ausência ao local, porém de nada adiantou, a carta continua desaparecida.

…como sabem, não existem gavetas secretas para um agente bem treinado.

É diante do fracasso nas investigações que o Inspetor G recorre ao detetive Dupin e é obvio que a carta é encontrada,  o que realmente é interessante aqui é a forma com que Dupin descreve o que fez e o que pensou para descobrir onde a carta estava escondida. Dupin dá uma lição ao Inspetor e a toda a policia se utilizando de uma reflexão dada por um garoto que brincava de par ou ímpar e ganhava de todos os alunos da escola sempre.

Além do mistério ser intrigante, na medida que é descrita a laboriosa investigação da polícia que em nada resultou, é extremamente divertido ler as tiradas de Dupin, neste conto o personagem está irônico de uma forma que não se viu antes nos dois contos da série, há uma passagem sobre matemáticos que simplesmente me fez gargalhar de rir.

A Carta Roubada termina a trilogia Dupin de forma sensacional, Poe criou um detetive excêntrico, porém real, e que recorre à lógica, pesquisas e simplicidade para resolver casos aparentemente insolvíveis, é triste que não tenham sido escritos mais registros com o personagem, porém podemos nos alegrar na genialidade de um escritor que com apenas três escritos sobre um detetive inspirou e contribuiu para a origem da literatura policial.

Quantos cafés A Carta Roubada merece?

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