A Hora do Lobisomem (The Cycle of Werewolf) é um livro do autor estadunidense Stephen King que foi publicado aqui no Brasil pela primeira vez em 1987, há muito tempo esgotado, finalmente este ano foi lançada uma nova edição lindíssima pela Suma de Letras Editora Suma, que está com uma proposta de relançar livros considerados raros de alguma forma pelo menos essa era a proposta inicial pelo selo Biblioteca Stephen King em edições de capa dura!
Uma criatura chegou a cidadezinha de Tarker’s Mills. A hora dela é agora, o lugar dela é aqui. Quando a lua cresce no céu, um terror paralisante toma os moradores da cidade. Uivos quase humanos ecoam no vento. E por todo lado as pegadas de um monstro cuja fome nunca é saciada.
Arnie Westrum é a primeira vítima da criatura, o sinaleiro da Ferrovia GS&WM, se abriga de uma tempestade de neve quando começa a ouvir algo raspando a porta de entrada da pequena cabana. Arnie imagina se tratar de um cachorro tentando fugir da nevasca, mas ao abrir a porta se depara com uma criatura terrível, voraz e faminta, o sinaleiro foi a vítima de Janeiro, e o ano prometia ser desesperador para os pacatos moradores de Tarker’s Mills.
E os rosnados soam terrivelmente como palavras humanas.
A noveleta vai nos apresentando mês a mês à um novo ataque da tal criatura, um mais brutal que o outro e aqui o autor utiliza de boas doses de humor negro e sórdido, tornando a experiência das mortes um tanto quanto poéticas, apesar de gráficas e violentas.
Um grande exemplo disso é o ataque sofrido por Stella Randolph em Fevereiro, onde o autor descreve e entrelaça o amor e a necessidade da personagem de ser amada com o ataque da criatura, de forma que é impossível não voltar as páginas e ler novamente só para ter certeza de que o King existe mesmo, pois a narrativa e construção desse ataque e de outros é simplesmente UAU! Na medida que o ano vai passando, a cidade passa a crer que há algum louco assassino a solta, uma vez que até então, nenhum ataque havia sido presenciado.
Em Julho, quando o jovem deficiente Marty Coslaw é atacado pela criatura e sobrevive para contar o que foi que o atacou, os moradores não lhe dão muito crédito e o garoto chega a ser até mesmo levado para a casa de familiares fora da cidade. É aqui que eu comecei a amar ainda mais o livro, pois o fato de adultos não crerem no que as crianças falam é uma das características mais intrínsecas aos trabalhos do autor, então, eu sabia que de Julho até Dezembro eu teria muito da essência do autor retratada em cada palavra e eu não me enganei.
Após o afastamento de Marty, continuam acontecendo os ataques mensais em noites de lua cheia, os moradores chegam a notar o padrão e tentam armar um esquadrão para deter o assassino, uma vez que não dão muito crédito à história de Marty, porém, pouco conseguem.
É quando Marty volta munido de sua coragem e sua convicção de que há uma forma de identificar a criatura, que descobrimos quem é o morador da cidade que se transforma em lobisomem. O garoto sabendo que o homem tem conhecimento de seu retorno e definitivamente sabe sobre a sua identidade, uma vez que Marty deixa claro para o homem que sabe sobre seu segredo e que está disposto a detê-lo, arma um plano com ajuda de seu tio maravilhoso para terminar de vez com o terror que assola a cidade.
Um fato interessante sobre a obra é que em 1979, o autor participou da Convenção Mundial de Fantasia, por estar concorrendo em duas categorias do Prêmio Mundial de Fantasia, quando um editor lhe propôs um desafio, escrever uma “história-calendário” onde a trama se desenvolvesse através de doze capítulos e no espaço de um ano, esse projeto acabaria por formar uma espécie de Calendário do Horror do autor. King recebeu bem a ideia, porém devido à uma limitação de palavras impostas nesse mesmo desafio, o projeto ficou parado, até que o autor resolveu seguir com ele ignorando a regra de limite de palavras e criando a noveleta.
“A Hora do Lobisomem” é um livro curioso, que ao mesmo tempo que é cheio da essência do autor, também deixa de ter uma das maiores características dele. A obra é curta, as histórias são curtas e as cenas acontecem sem muita enrolação. Porém, se engana quem pensa que o livro é mal construído, aqui King nos oferece personagens bem construídos, que geram empatia imediata no leitor e sem precisar de trocentas páginas para isso.
Além de personagens bem construídos, uma história redonda que prende o leitor do início ao fim (comecei e terminei o livro em um mesmo dia), ter aquele fator quentinho no coração quando notamos para onde a narrativa está nos levando e nos oferecer um final digno de suprir nossas expectativas, a obra está recheada de ilustrações maravilhosas do artista Bernie Wrightson e ainda contém como material extra, ilustrações de artistas convidados pela editora para retratar seus momentos prediletos do livro. Sem dúvidas a edição é sinônimo de boa qualidade e de um trabalho editorial fantástico, se você é fã do autor, é um item indispensável na sua estante e caso você ainda não tenha tido contato com Stephen King, tenho uma boa notícia para te dar, você pode começar por aqui, seja bem-vindo(a).
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Quantos cafés sob a luz da lua cheia A Hora do Lobisomem merece?
Também curti bastante o livro, sem enrolação e direto ao ponto.
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