MÊS DO HORROR: O Chamado de Cthulhu – H.P. Lovecraft

Durante o Mês do Horror, eu e a Isa do blog Dicas da Isa, combinamos de fazer pequenas impressões de contos de horror, mistério e morte, esse já é o terceiro conto do nosso mini-projeto, sendo que o primeiro foi “A Máscara da Morte Rubra” de Edgard Allan Poe, o segundo “Ex-Fumantes Ltda.” de Stephen King e agora finalmente, graças à escolha dos seguidores do Instagram, temos algo do H.P. Lovecraft no nosso primeiro ano de Mês do Horror.

Eu confesso que esse mês tive meu primeiro contato com a escrita do autor por meio de alguns contos que li e aconteceu o que sempre me acontece quando postergo muito uma leitura, bati na testa e exclamei: Onde eu estava com a cabeça que não li Lovecraft antes? Obrigado por escolher “O Chamado de Cthulhu” na enquete!

” Em sua morada em R’yleh, o morto Cthulhu espera sonhando”

Escrito em 1926 e publicado pela primeira vez na revista estadunidense “Weird Tales” em 1928, “O Chamado de Cthulhu” é um conto de horror diferente, afinal, não é todo dia que você lê um conto de horror cósmico investigativo, narrado de forma tão verossímil que o leitor se assombra justamente pela possibilidade do aterrador relato poder ser real.

No conto, basicamente, temos um jovem narrador que começa a estudar relatos e estudos de seu tio-avô George Gamell Angell falecido de forma misteriosa, uma curiosidade comum, uma vez que todo mundo já ficou instigado por conhecer um pouco mais sobre parentes que não chegaram a conhecer em vida ou que tiveram pouco contato, o ser humano é curioso.

A curiosidade do jovem o leva a encontrar relatos bem estranhos em meio aos documentos de seu tio-avô, relatos que envolvem um certo culto a uma misteriosa entidade que os fieis chamam de Cthulhu. A criatura se encontra adormecida na cidade de R’lyeh e o objetivo dessas pessoas que o cultuam é que a criatura volte a acordar, porém, as consequências de seu despertar não são muito agradáveis, pois estão diretamente ligadas com a destruição da humanidade.

Como todo jovem arrogante que ouve histórias contadas pelos mais velhos, o nosso narrador é inicialmente cético quanto aos relatos que encontra, mas mais uma vez movido pela curiosidade,  segue investigando a história e vai ficando cada vez mais instigado chegando a fazer viagens para completar sua investigação e a cada viagem, ele esbarra com mais relatos de diversas pessoas que chegaram a conhecer um pouco sobre o culto, porém, na medida que se aproxima, ele descobre que todos os que se aproximaram demais da verdade acabaram mortos.

A coisa mais misericordiosa do mundo é, segundo penso, a incapacidade da mente humana em correlacionar tudo o que sabe. Vivemos em uma plácida ilha de ignorância em meio a mares negros de infinitude, e não fomos feitos para ir longe.

Durante a leitura também fui acometido pela curiosidade e descobri que pelo menos um dos relatos que o personagem encontra durante a narrativa de fato existiu, a obra blasfema “Dream Landscape” que foi exposta pelo pintor fantástico Ardois-Bonnot em Paris no ano de 1926 até mesmo serviu de inspiração para a criação de Cthulhu, além disso Arthur Machen é mencionado na obra, depois de checar esse relato e ver que era verdadeiro, confesso que fiquei com medo de pesquisar mais sobre os demais relatos, afinal, como o próprio texto diz, quem se aproximou demais e soube demais não acabou muito bem.

…até que o alto sacerdote Cthulhu, de sua casa sinistra na grandiosa cidade submersa de R’lyeh, caminhasse mais uma vez sobre a Terra e voltasse a impor seu jugo. Um dia Cthulhu lançaria seu chamado, quando as estrelas estivessem alinhadas; e o culto secreto estaria sempre esperando para libertá-lo.

Cthulhu, a criatura, é descrita com parcimônia pelo autor que deixa espaço para que o leitor interprete e crie a imagem em sua própria mente, sendo assim, por mais assustadoras e até mesmo aproximadas que as imagens, ilustrações e tentativas de ilustrar a criatura sejam, nunca vão se aproximar da interpretação que cada leitor terá dela. Pelo pouco contato que tive com Lovecraft até o momento, creio que ele sempre faça isso, deixa seu leitor devidamente informado de que suas criaturas são tão aterradoras que tudo o que o cérebro humano será capaz de captar é um rascunho aproximado do que aquela besta cósmica realmente é.

Não está morto o que eterno jaz,
No tempo a morte é de morrer capaz.

“O Chamado de Cthulhu” é um conto simplesmente aterrador, pois Lovecraft soube muito bem inserir sua mitologia e seu horror cósmico dentro de nossa realidade e, especialmente nessa narrativa, fez isso com auxílio de eventos e documentos reais para tornar, imagino eu, a experiência ainda mais assustadora, afinal, o desconhecido sempre nos causou um misto de fascínio e medo. Sem dúvidas fascínio e medo são boas descrições para a obra que na medida que avança desperta a curiosidade no leitor junto com o receio de acabar descobrindo demais e ter por recompensa a concretização de todos os seus piores medos.

Quantos cafés cósmicos “O Chamado de Cthulhu” merece?

6 comentários sobre “MÊS DO HORROR: O Chamado de Cthulhu – H.P. Lovecraft

  1. Isa Cereser disse:

    Luuuke, acho que este vai ser a próxima vitima da semana que vem de tanto eu ver vcs falarem e depois desta resenha fiquei bem curiosa, obrigada de novo pelo convite.
    Beijão

    Curtido por 1 pessoa

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