Extraordinário (Wonder) é a adaptação do livro homônimo e best-seller do New York Times da autora R.J. Palacio que está estreando hoje nos cinemas brasileiros, o longa é dirigido por Stephen Chbosky (As Vantagens de Ser Invisível). O longa está concorrendo ao Oscar 2018 na categoria Melhor Maquiagem e Cabelo.
Na trama, August Pullman (Jacob Tremblay) é um garoto que nasceu com a Síndrome Treacher Collins, uma condição rara que causa deformidades no rosto. Desde sua chegada ao mundo Auggie precisou ser submetido à diversos procedimentos cirúrgicos para conseguir enxergar e até mesmo respirar, além de tentar amenizar a deformidade advinda da síndrome.
Auggie sempre foi muito protegido pelos pais Nate (Owen Wilson) e Isabel (Julia Roberts) e pela irmã Via (Izabela Vidovic), que tinham total conhecimento de que o nosso mundo é cruel até com quem não possui diferenças tão visíveis, eles sabiam que não seria nada fácil introduzir seu amado filho e irmão à uma sociedade que se deixa levar tanto pelas aparências.
Sendo assim, Auggie foi educado em casa pela mãe durante muito tempo, até que seus pais entram em um consenso de que seria melhor para o garoto entrar numa escola regular e ter um ensino adequado e é aí que o pesadelo do garoto e da família começa, quando Auggie e toda a sua família se veem forçados a encarar a realidade.
Eu havia lido a obra que serviu de base para a adaptação e confesso que me emocionei tanto quanto na época em que li. Não é fácil você acompanhar uma criança narrando o quão é difícil para ela viver em uma sociedade que preza tanto pela aparência, então, relatos como o fato dele andar com capacete de astronauta para não ter que mostrar o rosto, andar de cabeça baixa para não ter que ver a expressão das pessoas que se assustam e o encaram, ter como época favorita do ano o Halloween por ser a única época que ele pode usar uma máscara e andar de cabeça erguida por todos os lugares sem ser julgado, não só emocionam e entristecem pessoas que têm alguma empatia e coração, como desperta certa revolta por atitudes que podemos ter sem sequer perceber que estamos praticando.
Em meio a tanto rebosteio sofrimento Auggie encontra em Jack Will (Noah Jupe), um amigo que mesmo tendo a mesma visão inicial de estranhamento, se permite conhecer a essência de Auggie e não só transforma a realidade do garoto, como também sofre uma transformação que acaba sendo um processo catártico que os estudantes daquele ano do ensino fundamental nunca vão esquecer.
Seria hipocrisia minha chegar aqui e dizer que as pessoas retratadas no filme são más, são péssimos exemplares de seres humanos, pois o problema é bem além disso. O grande problema é a nossa sociedade em si que impõe padrões inalcançáveis para tudo e faz com que as pessoas que não se encaixam nesses padrões sintam-se inferiores e sejam inferiorizadas.
Pode parecer clichê ter que bater na tecla de empatia, mas precisamos sim ser mais empáticos, se colocar no lugar do outro, olhar olho no olho e ver o que realmente importa nas pessoas e parar de racionalizar tanto acerca de padrões e aceitar que ninguém pode ser colocado em um potinho e rotulado, todos nós temos as nossas particularidades e são as nossas diferenças que nos fazem humanos, belos e extraordinários.
Eu torço muito pelo dia em que as diferenças serão consideradas qualidades ao invés de serem satanizadas, é bem triste viver em uma sociedade que se inquieta, perturba e agride a diversidade de raça, ideologia, religião, orientação sexual, gênero e aparência do outro, eu sinceramente desejo todas as noites antes de dormir uma sociedade que deixe de gastar tempo apontando dedo e julgando e use seus esforços para abraçar, acolher, apoiar, entender e amar mais. O nosso mundo precisa de amor!
“Extraordinário” é um filme necessário de uma sutileza ímpar que não só emociona e faz com que o telespectador se desmanche em lágrimas, mas também conscientiza as pessoas acerca das diferenças, do quanto se pode prejudicar a vida de alguém por puro e podre preconceito.
As atuações são incríveis, há aqui a montagem de pontos de vista, assim como ocorre no livro, que torna a experiência ainda mais rica ao mostrar todos os lados da história e expressar o quão a situação pode ser difícil não só para quem tem alguma diferença, mas para todos que amam a pessoa que a tem.
Essa semana tivemos o caso de uma infeliz que apareceu na mídia disseminando mensagens preconceituosas e de ódio para duas crianças e um filme como esse só mostra o quão é necessário abordar esse assunto nos dias atuais, pois por mais antigo e cliché que possa parecer, ainda é necessário, alguns estão longe de aprender que pra ser extraordinário atender à padrões impostos pela sociedade não é suficiente, você precisa ter coração e saber usá-lo.
Sejam pessoas boas, amem mais e como diz a obra: “Quando tiver que escolher entre estar certo e ser gentil, escolha ser gentil”.
Quantos cafés “Extraordinário” merece?
amei a resenha, Luke!
sei que vou chorar horrores com esse filme. já chorei com o livro kkkk
bjão
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Luke meu frô, adorei sua resenha e sei que escreveu uma pequena palavra sem a intenção , mas faça um favor: corrija DEFORMIDADE , ninguém é feio ou imperfeito por ter uma doença rara, somos apenas parte um um grupo chamado Deficiência Facial, soa bem melhor. Obrigada (:
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Olá, a palavra deformidade foi utilizada após uma pesquisa sobre a Síndrome Treacher Collins, essa foi a palavra definida por especialistas e eu só reproduzi, mas alterarei a palavra sem problemas 😊
Abração!
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