“Quente, Feito Tequila” é o primeiro romance do jovem autor mineiro Brendow H. Godoi e foi publicado em 2017 pela Editora Penalux, o autor também já publicou uma coletânea de poesias chamada “Palavra é Arte” e mantém a página A Metafísica Poética.
Na trama, Carolina da Silva Medeiros, ou Tequila é uma jovem prostituta lésbica, que saiu da pequena cidade de Itapecerica aos 17 anos, rumo à Belo Horizonte, com o sonho de ser escritora. Porém, em Belo Horizonte, ela acaba por se tornar alcoólatra, ex-presidiária e órfã de pai e mãe e atribui seus sofrimentos a um antigo amor: La Belle de Jour, uma cafetina de luxo da zona sul de Belo Horizonte que a aliciou, usou e simplesmente sumiu um dia com todo o seu dinheiro.
É torturante encostar a cabeça no travesseiro e ser currada pelos fantasmas de um passado trágico. Por isso, vomito fumaça, álcool e o meu coração, em cada linha torta que queima na ponta dos meus dedos.
O autor é admirador de Charles Bukowski, Vinicius de Moraes e Belchior, que é citado na dedicatória da obra, e essa admiração é evidentemente em vários momentos da trama e se fazem perceptíveis por algumas referências e muita inspiração.
O romance é recheado de poesia, dado ao fato da personagem ser uma escritora e essas interferências poéticas no meio da trama torna a experiência de leitura ainda mais rica. É fácil terminar a leitura se questionando como o autor conseguiu escrever tudo isso sem se utilizar de magia para tal.
Já aos 24 anos e fora da cadeia, Tequila tenta reconstruir sua vida e falha miseravelmente, sendo novamente obrigada a se prostituir para conseguir sobreviver e alimentar sua cadela e fiel companheira, além de continuar perseguindo seu sonho de publicar um livro.
Paula, sua antiga e mais fiel amiga que conheceu fazendo programas e sempre lhe ajudou em momentos difíceis, lhe estende mais uma vez a mão e a reintegra no mundo da prostituição de luxo, pois Paula agora comanda o império que antes era de La Belle de Jour. O que Tequila não contava era que Paula estava atolada até o último fio de cabelo em uma briga pelo controle da prostituição da cidade e sua rival Sabrina não poupa balas, escrúpulos ou vidas inocentes para conseguir se tornar a única e mais poderosa cafetina de BH.
Então, o autor narra as intempéries da vida de Tequila, seus programas, suas tentativas de mudar de vida, seus tropeços, tombos e sua incessante luta pela vida. No meio disso tudo, a personagem esbarra com várias outras personagens femininas igualmente fortes e poderosas, como a Senadora Sueli e a Bispa Eleonora, até que encontra algo que acreditava estar morto e mais uma vez se vê apaixonada.
“Quente, feito Tequila” é um livro impressionante em diversos aspectos, a obra não é intensa apenas por abordar o mundo da prostituição, do lesbianismo e do sexo, Tequila é uma personagem pólvora que explode com qualquer fagulha, não que seja explosiva, a personagem é o caos personificado.
Brendow consegue fazer com que seus personagens transpirem realidade, ele não se utiliza de esteriótipos para criá-los, todos são cheios de camadas, como todo ser humano é; com essa obra, o autor criou uma das personagens mais interessantes que eu pude ler nos últimos anos, a crueza de seus pensamentos , devaneios, poemas e ações só fazem com que você queira cada vez mais e vire as páginas do livro sem controle algum. É incrível como o autor conseguiu escrever tão bem sobre o universo feminino de forma verossímil, sem dúvidas é um nome da literatura nacional para se ficar de olho.
Caso tenha gostado das minhas impressões e se interesse em adquirir a obra, você pode comprar diretamente na loja virtual da editora.
Quantos cafés “Quente, feito Tequila” merece?
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