“Pantera Negra” (Black Panther) é o mais novo filme da Marvel nos cinemas, o longa é dirigido por Ryan Coogler, conhecido por “Creed” (2015) e “Fruitvale Station” (2013), que também assina o roteiro ao lado de Joe Robert Cole.
Após os eventos de “Capitão América: Guerra Civil” (2016) que culminaram na morte de T’Chaka (John Kani), Rei de Wakanda e Pantera Negra, o príncipe T’Challa (Chadwick Boseman) precisa retornar para a sua casa na nação Africana isolada e tecnologicamente avançada para suceder o trono e tomar seu lugar de direito como Rei de Wakanda, além de se provar digno de ser o novo Pantera Negra.
Tudo parece bem até que Erik Killmonger (Michael B. Jordan) surge inicialmente se aliando ao Ulysses Klaue (Andy Serkis) no tráfico de Vibranium, um metal raro e poderoso extraído de um meteoro, esse metal super poderoso é a fonte de toda a tecnologia de Wakanda. Porém, não tarda para que os planos de Killmonger se mostrem bem piores do que simplesmente traficar Vibranium e suas ambições ameaçam o trono de T’Challa e toda a segurança de uma nação.
Finalmente temos um vilão memorável no universo cinematográfico da Marvel, Killmonger não é apenas um homem lunático que quer destruir o mundo com um feixe de luz, ele é um vilão com motivação e background. As motivações de Killmonger são totalmente compreensíveis e aceitáveis, embora seus métodos sejam questionáveis, e essas características concedem ao público a possibilidade de empatia com o personagem, coisa que não tínhamos visto no MCU até o momento, Killmonger é um personagem que poderia certamente existir e o seu arco nesse filme é emocionante.
O T’Challa de Chadwick Boseman se descobre em tela na medida que o telespectador também descobre o personagem nos cinemas, sua performance é excelente e você se convence de que o personagem é mesmo um rei e um rei merecedor, pois todas as suas atitudes, mesmo que pareçam estranhas para os seus súditos, são tomadas visando a proteção de Wakanda, porém, evitando dar às costas ao restante do mundo como vinha sendo feito por seus antepassados.
Os personagens secundários da trama também possuem uma boa construção e o destaque, sem a menor sombra de dúvidas, fica para as personagens femininas da trama que são fortes, guerreiras e inspiradoras. Shuri (Letitia Wright), a irmã de T’Challa simplesmente é a responsável por transformar o Vibranium em armas e administrar o metal nas tecnologias que moldam a nação, mas consegue encontrar tempo para zoar o irmãozão.
Nakia (Lupita Nyong’o) não é apenas um interesse amoroso de um super-herói, ela á uma guerreira segura de si que faz de tudo para conseguir alcançar seus objetivos e vive deixando Wakanda para fazer o bem fora da nação super tecnológica, onde ela enxerga que mais precisam dela e suas habilidades.
Já Okoye (Danai Gurira) é simplesmente a general da guarda real, as Dora Milaje, e é uma mulher convicta de seu papel e que está sempre disposta a dar sua vida pelo seu rei, porém, acaba entrando em conflito com o surgimento de Killmonger. As Dora Milaje em ação são um deleite para os olhos, elas lutam sincronizadamente como se fossem uma só e cara, elas chutam bundas, literalmente!
O filme é cheio de cores, aliando uma cidade tecnológica com elementos tribais, concedendo assim ao visual do filme algo nunca antes visto no universo cinematográfico da Marvel ou em qualquer outro lugar, pelo menos não que eu me recorde. A design de produção acertou em cheio em cada detalhe, desde o figurino até o design das armas, tudo aqui é lindo de se ver. O filme apenas escorrega na computação gráfica e no uso do CGI, tecnologias com as quais o diretor não está muito acostumado à trabalhar, entregando cenas sem profundidade e aquelas famosas cenas de luta com bonecos digitais.
Fora as mencionadas cenas de luta com bonecos digitais, as demais cenas do tipo são estonteantemente vibrantes, o plano sequência da perseguição que se inicia no Cassino é lindo demais da conta e toda aquela ação, tecnologia e atuação aliadas à canções como “Pray For Me” e “Opps” são de levantar o bumbum da poltrona para querer enxergar cada detalhe do que está acontecendo em tela.
Por falar em trilha, a trilha sonora do longa, que conta com a produção de Kendrick Lamar, está simplesmente fantástica, mesmo que você não queira assistir ao filme, vale a pena escutar a trilha que já está disponível no Spotify.
“Pantera Negra” é um filme que evidentemente se utiliza da fórmula do universo ao qual está inserido, porém, não se apoia somente nisso ou se limita a seguir os padrões do universo cinematográfico da Marvel ao pé da letra. O filme possuí identidade e assume seu papel político sem perder a função de entreter, há uma forte critica de cunho racial aqui, mas também há criticas a tudo que divide as pessoas, seja a cor, o medo ou até estúpidos muros que insistem em construir. Em um mundo tão dividido, o longa surge com a mensagem de unificar, de compartilhar o seu melhor e somar ao invés de se isolar em sua zona de conforto negando todas as discrepâncias, segregações e injustiças que o nosso mundo enfrenta. Ryan Coogler e todos os envolvidos com o projeto merecem o titulo de produção mais relevante do MCU, até o momento, sem dúvida alguma!
Quantos cafés “Pantera Negra” merece?
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