Olá queridos leitores, hoje estreia aqui no blog uma coluna nova de entrevistas, o primeiro entrevistado é o autor nacional Brendow H. Godoi, responsável pela página A Metafísica Poética e pelo romance “Quente, feito tequila” que foi publicado ano passado pela Editora Penalux.
Quem leu a minha resenha sobre o livro sabe que eu fiquei bem impressionado com a escrita do autor e foi bem legal o fato dele ter topado essa entrevista para o blog, sem mais delongas, vamos lá tomar um café com Brendow H. Godoi.
Primeiramente preciso dizer que é um prazer te entrevistar aqui no blog, pois me tornei fã do seu trabalho após ler o seu romance de estreia, o “Quente, feito tequila”, muito obrigado pela oportunidade!
Eu fiquei bem impressionado com o “Quente, feito tequila” e confesso que ainda não consegui entender como você conseguiu escrever tão bem sobre um universo que aparentemente não é o seu. Gostaria que você falasse um pouco sobre as suas inspirações e como foi o processo de pesquisa e escrita do livro.
Antes de tudo, eu quero agradecer a oportunidade em estar aparecendo no seu blog mais uma vez, Luke. Foi um prazer imensurável ter tido “Quente, feito tequila” resenhado por você. Eu me senti lisonjeado com tamanha atenção e análise. Foi e sempre será uma honra!
Bom, vamos lá. O romance “Quente, feito tequila” foi um livro que praticamente se escreveu sozinho. Tudo o que eu tinha na cabeça, era a personagem principal. No decorrer da criação, os elementos acessórios iam “estacionando” ao redor da personagem. Pouca gente acredita, mas eu só soube do final do livro, no último parágrafo. Escrever esse livro, foi como andar de carro numa noite escura, com os faróis ligados: Eu só conseguia enxergar os próximos 100 metros, nada mais.
“Quente, feito tequila” foi um livro que demandou muita pesquisa e trabalho. Eu tentei me aproximar ao máximo da realidade de cada assunto que tratei. Eu estudei a fundo os detalhes da doença de Tequila. Os sintomas, as causas, o tratamento. Durante semanas, eu participei de fóruns médicos e até conversei com alguns cardiologistas sobre o caso. Procurei costurar as manias e a personalidade de cada personagem ao ambiente a sua respectiva história. Os cenários, os fatos históricos… Nenhuma página foi em vão. Tudo exigiu muita pesquisa e trabalho duro.
Você pode me contar um pouco sobre a sua experiência e os desafios que encontrou para ser publicado por uma editora? Você tem algum conselho para quem esteja começando e querendo ser publicado?
Olha Luke, não foi e não é fácil. Eu dei bastante sorte de ter encontrado a Penalux. Encontrei editores atenciosos que acreditaram no meu trabalho e realizaram um sonho. Mas via de regra, no Brasil, publicar um livro, é um caminho bem tortuoso. Na maioria das vezes, é um processo burocrático e oneroso. Existem editoras que para publicarem o autor, exigem que o mesmo adquira 300, 500 cópias da sua obra. Isso eleva o custo de produção para 8, 10 mil reais. Não existe interesse nem investimento por parte dos órgãos públicos.
O escritor é absurdamente desvalorizado no nosso país. Logo num país como o nosso, tão carente de incentivo e investimento na educação e na literatura! Enfim, aos escritores de primeira viagem (assim como eu), eu digo para serem ferrenhos, chatos, não desistirem. Pesquisem bastante, valorizem seu trabalho perante as editoras e os críticos. Acreditem, porque estar eternizado num livro, é uma sensação única.
Você começou a ter visibilidade por meio da sua página no Facebook, onde compartilha poesia. O “Quente, feito tequila” possui diversos poemas “escritos pela Tequila” e eles são absolutamente viscerais, gosto particularmente do primeiro poema que aparece no livro, como foi para você transitar da poesia publicada em redes sociais para um romance publicado por uma editora e receber tantos retornos positivos em seu primeiro lançamento?
Luke, essa pergunta foi espetacular. A poesia que eu publico na internet, é COMPLETAMENTE diferente da que é produzida para os meus livros. O público da internet, é um público que gosta de ler pouco, e de preferência, coisas óbvias. Claro que eu tenho leitores espetaculares na internet, mas infelizmente, eles não são a maioria.
Hoje, o escritor que trabalha em massa na internet, vive o dilema entre publicar o que ele gosta e publicar o que as pessoas querem ler. Esse é o diapasão diário de todo e qualquer escritor sério. Eu costumo brincar com meus amigos, que “quanto mais métrica, menos like”. E é exatamente isso: Quanto mais lírico e estruturado gramaticalmente um escrito é, menos ele fará sucesso na internet. Hoje, o que domina são frases óbvias do tipo “Moça, seu sorriso é lindo” ou então “Moça, ele não te merece”. Particularmente, isso me enoja. Mas é aquela coisa: Às vezes, a gente tem que produzir uma “poesia mais comercial” para transformar nossas páginas em vitrines, para potencializar as vendas de livros. Mas num modo geral, a poesia boa, eu guardo para os livros.
Eu cheguei a te dizer em um comentário que estava ansioso para ler mais obras suas e você me contou há alguns dias que teremos uma novidade ainda esse ano. O que você já pode contar sobre essa novidade?
Pois é, teremos sim! É um livro de prosas e poesias, refinado e destilado minuciosamente por pelo menos 2 anos. É um livro libertador pra mim. Ele é essencialmente lírico, coisa que “Quente, feito tequila” não foi. Tequila tem lá seus trejeitos de realidade e lirismo, mas foi basicamente, uma personagem fictícia. A história dela, é fictícia. Esse livro novo vai ser uma espécie de grito que está entalado há muito tempo na minha garganta. Estou escrevendo sobre bastante coisa, como corações desgraçadamente mutilados, solidão, sexo, advocacia, álcool, drogas e até religião. Olha, é um livro extremamente denso, pesado. É pra ler me xingando. Tenho trabalhado para que cada página seja um soco na cara do leitor. Quero atingir diretamente o psicológico e o emocional de cada um que virar as páginas. É um livro diferente dos demais, musical, visceral. Enfim, é um livro que tem me arrancado muita expectativa. Ele se chamará “Pólvora” e sairá nos próximos meses. A capa será no mínimo, intimidadora. Pra você pendurar no pescoço e sair por aí, com orgulho.
Por último, gostaria que você indicasse cinco de suas obras favoritas da vida para os leitores do blog.
Que enrascada, hein? Mas vamos lá, me deixa enumerar aqui:
- As pessoas parecem flores finalmente – Charles Bukowski
- Dom Quixote de La Mancha – Miguel de Cervantes
- A metamorfose – Franz Kafka
- O velho e o mar – Ernest Hemingway
- Cuba Libre – André Carvalho
Brendow, muito obrigado mais uma vez por ter concedido essa entrevista para o blog, mal posso esperar para ter o seu novo lançamento em mãos. Grande abraço e muito sucesso!
Espero que tenham gostado do novo quadro e da entrevista com o Brendow, você pode adquirir o livro de estreia do autor pela loja oficial da Editora Penalux. Grande abraço e até o próximo café!
Ótima entrevista! Fiquei curioso para conhecer o trabalho do autor, quando ele disse que houve muito trabalho e pesquisa já ganhou vários pontos comigo.
Parabéns pela nova coluna de entrevistas Luke, continue assim que você vai ser grande.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Paulinho, muito obrigado!
Super recomendo o “Quente, feito tequila”, a escrita do cara é ótima e dá pra perceber que ele se empenhou bastante pra criar.
Abração 🙂
CurtirCurtir
Que bacana esse novo espaço Luke! Fico feliz!
Amo entrevistas com autores e fiquei ainda mais curiosa para ler esse livro. :*
CurtirCurtido por 1 pessoa
Thami, você precisa ler, fica aí uma dica para o especial nacional do blog ;D
Muito obrigado e abração 🙂
CurtirCurtido por 1 pessoa
Gostei demais da nova coluna! Sempre desconfio um pouco de entrevistas em blogs, porque normalmente as perguntas são as mais óbvias possíveis, mas você conseguiu quebrar isso, perguntou o óbvio necessário e passou para outros assuntos, adorei! Gostei muito da indicação dos livros, eu tenho muita curiosidade para saber quem influencia um escritor. Porque apesar do que vemos por aí, um escritor precisa ler bem mais do que escreve para conhecer os mais diversos estilos narrativos.
Sigo curiosa para conhecer o livro do brendow!
Parabéns pela entrevista, Luke!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Ana, leia o “Quente, feito tequila” assim que tiver a oportunidade, o livro é muito bom!
Fico feliz com os elogios, confesso que estava com medo dessa primeira entrevista kkkkk pelo jeito deu certo! Abração 😀
CurtirCurtir
ótima entrevista, Luke! muito interessante a opinião dele sobre poesia da internet. isso tem rendido ótimos debates.
sucesso para vocês!
bjão
CurtirCurtido por 1 pessoa
Muito obrigado Jeni!!!
CurtirCurtir