Esse ano, motivados pela vontade de conhecer mais a escrita de H.P. Lovecraft, eu e a Isa do Dicas da Isa, nos unimos ao Charles do Triplo Books para lançar um desafio de leituras coletivas mensais com obras do autor.
Em Janeiro, lemos juntos os contos “Dagon” e “O Forasteiro”, em Fevereiro lemos o conto mais famoso do autor “O Chamado de Cthulhu” e o conto escolhido para o mês de Março foi o “A Cor que Caiu do Espaço” do ano de 1927.

The Colour by LudvikSKP (www.deviantart.com)
O conto é narrado por um engenheiro que vai até Arkham cumprir uma tarefa de seu trabalho, ele precisa visitar e vistoriar um local que será inundado para propiciar a construção de uma represa. Em sua visita, o engenheiro se surpreende ao encontrar um descampado que contrasta muito com o restante da paisagem, ali tudo é cinzento, quebradiço e agourento.
Motivado pela curiosidade, o narrador começa a procurar informações acerca daquele local e o pouco que descobre com os moradores dos arredores é que o local é conhecido por todos como o “descampado maldito”, porém, todos se negam a dar mais detalhes sobre o motivo pelo qual aquele lugar possuí tal fama.
Sem desistir de coletar informações acerca do local, o engenheiro é informado de que, talvez o velho Ammi Pierce possa ajudá-lo, porém, o advertem de que a estória do homem é um tanto quanto difícil de acreditar. Contudo, Ammi Pierce se mostra uma fonte confiável de informações, uma vez que era amigo da família Gardner, família esta que morava no descampado que hoje tornou-se um tabu entre os moradores de Arkham.
O velho Ammi Pierce conta ao narrador sobre o dia em que um meteoro caiu na propriedade de Nahum Gardner e sua família e as tentativas infrutíferas de estudiosos da Universidade de Miskatonic de decifrar tal meteoro. Todos as amostras coletadas pelos cientistas e estudiosos misteriosamente diminuíam de tamanho até desaparecer e não reagiam a nenhum elemento, ou apresentavam características que o tornasse identificável ou classificável, aquele mistério açoitava a mente dos estudiosos e a coisa só piorou quando em uma incursão para extrair mais um pedaço do meteoro, descobriu-se que o mesmo havia desaparecido, assim como as amostras retiradas em dias anteriores.
Depois dessa incursão de cientistas e uma certa divulgação do caso pela mídia, a propriedade da família Gardner foi voltando ao seu ritmo normal, porém, a temporada de colheita chega e as coisas voltam a ficar estranhas. O meteoro contaminou o solo, a vegetação do lugar apresenta certa cintilação, as árvores balançam com ou sem vento, a plantação que inicialmente começa a ficar grande e viçosa tem gosto de doença, os animais que ficam nos arredores da propriedade começam a sofrer alterações bizarras, alguns ficam cinzentos e com peles quebradiças, outros apresentam deformidades inexplicáveis e quando a coisa aparentemente não poderia ficar pior, a loucura começa a acometer os membros da família Gardner.
“A cor que caiu do espaço” é um grande exemplo do que eu vivo dizendo aqui no blog, a perfeição está nas coisas simples, aqui o autor não precisa nos apresentar um monstro aterrador e imaginável, ele nos faz tremer com uma cor, UMA C-O-R! O conto é simplesmente perturbador, o terror é crescente e extremamente bem construído o que contribuí para que o leitor se mantenha intrigado com o mistério da tal cor que caiu do espaço.
Todos os elementos inseridos na escrita desse conto fazem dele simplesmente uma peça de arte na literatura do horror, você lê o conto imaginando um filme e tendo ao mesmo tempo a consciência de que NUNCA vão conseguir reproduzir em tela as sensações que a estória provocam no leitor durante a leitura. No final do conto, o tal engenheiro admite ter ficado impressionado com a estória e confessa correr para Boston para demitir-se de seu trabalho imediatamente, assim como admite ter ficado perturbado com toda a estória do local que se tornará uma represa. Você se atreveria a tomar um copo d’água diretamente da represa de Arkham?
Como em todas as obras de Lovecraft, aqui também pude notar uma obra inspirada nesse escrito, no caso de “A Cor que Caiu do Espaço”, é impossível não relacionar a estória à uma das estórias presentes na HQ “Creppyshow”, escrita por Stephen King; aquela famosa estória de um fazendeiro que encontra um meteoro na porta de sua casa, o toca e imediatamente começa a sofrer as consequências de sua curiosidade.
A discussão sobre o conto já está disponível no grupo do projeto lá no Facebook, aproveite para ler o conto durante o mês e venha compartilhar conosco a sua impressão sobre o conto e teorizar á respeito da tal cor, o que seria ela afinal?
Quantos cafés “A Cor que Caiu do Espaço” merece?
4 comentários sobre “#1ANOCOMH.P.LOVECRAFT: MARÇO”