“Conexão Hirsch: Nostalgia, Obsessões e Viagens no Tempo” é o primeiro romance escrito pelo escritor, publicitário e jornalista Carlos Romero Carneiro, o livro foi publicado pela Editora Penalux em junho do ano passado.

– Você pode ficar o dia todo aí. Não há nada neste túmulo.

– Do que está falando?

– Está no lugar errado. Não há nada aí.

– O senhor deve estar louco!

Na trama, a vida do tímido e recluso jornalista Gabriel na fictícia cidadezinha interiorana de Capituva é transformada quando ele conhece Amarante, um homem misterioso que o aborda no cemitério da cidade afirmando que ele está procurando algo no lugar errado, e logo depois lhe desperta um dom bem pecúliar.

Gabriel aprende com Amarante a acessar os fluídos confinados daqueles que estão por aqui e também daqueles que já se foram. Como o jornalista sempre investigou a vida de pessoas que moraram na cidadezinha, inclusive esse material investigativo é o que ele aborda em seu jornal, o tal dom lhe abre os olhos para fatos desconhecidos e também para o resgate de curiosidades que sempre o afligiram mas pareciam impossíveis de solucionar.

Uma dessas curiosidades refere-se à morte de seu pai, que faleceu em circunstâncias tanto quanto misteriosas após ser julgado pela pequena cidade de ter ocasionado a morte de um paciente ao ter ministrado uma fórmula incorretamente. Esse mistério que sempre atordoou Gabriel e foi um dos motivos pelos quais ele passou a investigar a história de pessoas de Capituva, inesperadamente se cruza com um outro mistério envolvendo Laizer Hirsch, o filho de um judeu russo que trabalhava como retratista na cidade há muitos anos atrás.

Eu achei bem original a forma com que o autor abordou a viagem e manipulação do tempo, aqui ela ocorre mediante ao contato dos personagens que possuem tal dom com objetos pertencentes a tal pessoa que eles querem ter contato. Esses objetos precisam ser coisas das quais as pessoas se apegam e que de alguma forma trazem sua essência à tona, tornando assim possível que Gabriel e Amarante visitem seus passados e até façam alterações.

Todo mundo que já leu algum livro sobre viagens no tempo conhece os perigos de se brincar com a manipulação do tempo e aqui esses perigos são exemplificados pela figura do garoto Laizer Hirsch e toda a trama que envolve o garoto é bem emocional, triste e até mesmo deprimente, sem deixar de ser reflexiva, uma das características também muito presentes em obras do gênero.

A escrita do autor é intrigante e gostosa de acompanhar, você se vê imerso nos mistérios acerca do garoto e do pai de Gabriel, além de não conseguir segurar a curiosidade para saber onde a trama vai te levar. O trabalho gráfico do livro também foi muito bem feito, os capítulos são intercalados por fotos e ilustrações antigas que fazem com que o leitor sinta-se dentro da pequena cidade e ainda mais imerso na trama.

“Conexão Hirsch: Nostalgia, Obsessões e Viagens no Tempo” é um ótimo romance de estreia e diria também que trata-se de uma ótima opção para quem quer começar a ler livros que abordem aspectos de ficção científica sem ser tão cabeçudos ou recheados de conteúdo técnico. Eu com toda a certeza vou ficar de olho nos próximos lançamentos do autor e recomendo que anote essa indicação para o seu TBR do nosso especial de ficção científica que está por vir, pois acredito que a obra em questão pode abrir as portas do gênero para quem sempre quis conhecer, mas sempre achou muito complexo.

Você pode conferir o book trailer do livro abaixo e adquirir seu exemplar na loja oficial da Editora Penalux.

Quantos cafés “Conexão Hirsch” merece?