“Com Amor, Simon” é a adaptação cinematográfica do livro jovem adulto “Simon Vs. a Agenda Homo Sapiens” escrito pela autora Becky Albertalli e publicado aqui no Brasil pela Editora Intrínseca, o longa é dirigido por Greg Berlanti, responsável por produzir alguns episódios de séries de TV como Flash, Legends of Tomorrow e Arrow.
Na trama, Simon (Nick Robinson) é um adolescente que guarda consigo um segredo que esconde de sua família, seus amigos e todos os seus colegas de classe, ele é gay. Quando esse segredo é ameaçado, Simon se vê obrigado a encarar a todos e chegar a um acordo com a sua identidade.
Simon tem uma vida “comum”, com uma família sólida e amigos incríveis, porém, sempre houve algo que o impediu de ser completo entre seus iguais. Ele é homossexual, mas pelo menos para ele, isso não chega a ser nenhum drama, como diria o velho ditado: O Inferno são os outros.
O adolescente sofre por não ter encontrado uma forma ou a hora certa de se assumir para a família e para seus amigos, o famoso sair do armário, e essa espera pelo momento certo vem junto com o questionamento da necessidade real de ter que se assumir, afinal, heterossexuais não precisam convocar uma reunião em família para comunicar que tem atração pelo sexo oposto. A forma natural com a qual Simon encara a sua sexualidade só perde para o medo que ele tem de ser rejeitado pelas pessoas que ama.
Certo dia, em um blog de fofocas utilizado por todos os alunos do colégio, uma mensagem anônima de um estudante que não aguenta mais a pressão de ser homossexual e não poder ser ele mesmo por medo da reação das pessoas ao seu redor, chama a atenção de Simon que imediatamente começa a se comunicar com o estudante via e-mail.
Conforme a conversa entre os dois garotos avança e eles começam a se apoiar mutualmente por ambos estarem passando pelo mesmo processo, Simon se vê apaixonado e decidido a descobrir a identidade do correspondente. Porém, por um descuido, todas as conversas entre os dois garotos acabam caindo nas mãos de um estudante do colégio que passa a chantagear Simon.
Ao contrário do que acontece em muitos filmes do gênero, aqui todos os personagens secundários são bem desenvolvidos e possuem seus próprios dramas que vão se ligando ao drama de Simon naturalmente, assim, o filme consegue fazer com que o telespectador entenda não só sobre o que se passa na cabeça de um jovem homossexual com medo de se assumir, mas também sobre auto-aceitação, auto-estima, amor, amizade e a natureza cruel e egoísta do ser humano. Mas não é só nesse aspecto que o longa se afasta dos longas convencionais sobre o assunto, aqui tudo é tratado de forma sensível, leve e feliz, nada de drama e morte no final.
Como estamos falando de um filme jovem adulto, todo esse contexto dramático é inserido em um atmosfera menos crível, meio que comercial de margarina, porém, tudo é tão bem feito e dosado que em nenhum momento você deixa de acreditar na verdade da mensagem que cada personagem quer passar em cena, um grande trabalho de direção, sem dúvidas.
O único problema do filme para mim são as ações que o personagem toma para proteger o seu segredo, muitas vezes prejudicando os amigos e pessoas próximas, pois eu não creio que uma pessoa que esteja sofrendo uma luta interna para não perder o amor das pessoas ao seu redor vá chegar a prejudicá-las para que seu segredo não seja exposto.
O roteiro opta por tomar o caminho mais fácil, não faz muito sentido, mas também não chega a estragar o filme no final das contas, você pode optar por pensar que o personagem fez aquilo tudo em um momento de desespero e seguir tranquilo.
“Com Amor, Simon” é um longa que me fez derramar lágrimas copiosamente durante a sessão, ao final me encheu o peito ver pessoas aplaudindo a história do garoto e acendeu uma chama de esperança em uma humanidade que incompreensivelmente ainda não entendeu que amor é amor independente de qualquer coisa, a única coisa inaceitável de verdade é a tentativa de querer sufocar o amor com ódio, preconceito e imposições religiosas, filosóficas e sociais, para essas pessoas eu só posso dizer que tais tentativas são vãs, pois o amor não se sufoca, o amor é livre.
Quantos cafés “Com Amor, Simon” merece?
Adorei a resenha. Simon me trouxe muitas lembranças da adolescência, nem todas boas, aliás nenhuma boa. Esse filme teria feito toda a diferença se eu o tivesse assistido aos 15 anos. Na minha cidade, na sessão na qual fui tinham um total de 6 pessoas, fiquei triste com isso, afinal é um filme que muita gente precisava ver.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Rodrigo, fico feliz que tenha gostado! Esse filme é muito necessário, é uma pena que a sessão na qual você estava havia pouca gente.
Uma coisa me deixou chateado na sessão, um pai tampando os olhos da filha na cena do beijo, como se aquilo fosse uma agressão à moral da garota, mas ainda bem que foi um caso isolado, o restante do pessoal chorou pra caramba e aplaudiu bastante ao final da sessão. É sem dúvida alguma um filme que pode ajudar muita gente.
Abração!!
CurtirCurtir
Luke, eu sempre achei que o medo maior dele não era perder o amor dos amigos e família, mas sim de sofrer preconceito e ser ridicularizado.
filme super emocionante! adorei!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Entendo seu ponto de vista Jeni, na real acho que é um misto louco de tudo isso e mais um pouco.
Abração!
CurtirCurtir