Astronauta Singularidade é o sucessor de Astronauta Magnetar, projeto da Graphic MSP de adaptar e atualizar algumas obras de Mauricio de Sousa.
Singularidade trás de volta a dupla Danilo Beyruth (história e arte) e Cris Peter (cores), como responsáveis pela releitura do personagem criado por Mauricio de Sousa, fato que achei muito bom, pois o trabalho desempenhado pela dupla em Magnetar foi de cair o queixo e várias lágrimas dos olhos.
Sinopse: Em Singularidade, o Astronauta investiga um buraco negro, mas o que era uma missão científica se torna uma aventura muito perigosa. E, desta vez, ele não está sozinho em sua nave!
Se Magnetar era permeado pelo tema solidão, Singularidade evidencia a obstinação do personagem Astronauta Pereira. Após o fracasso da Missão Magnetar, Astronauta é submetido à vários testes psicológicos, pois a BRASA – Brasileiros Astronautas se preocupa como o fato de que, por ter passado um grande período de isolamento, o personagem possa ter sido afetado psicologicamente de alguma forma.
Astronauta rapidamente cansa-se dos testes ministrados pela psicóloga, então seu chefe o informa sobre uma nova missão de pesquisa espacial envolvendo uma Singularidade (Buraco negro), e essa missão terá dois acompanhantes, sendo eles a psicóloga que aqui é tratada apenas por Doutora e o Major de uma organização espacial internacional e com mais recursos que a BRASA. Inicialmente o Astronauta protesta, pois prefere cumprir suas missões sozinho, mas como o personagem parece sentir-se mais em casa no Espaço do que na Terra e aceitar os dois passageiros é sua única forma de participar da missão, acaba por ceder.
Major é um homem tão obstinado quanto o Astronauta Pereira, porém, sua obstinação é voltada para um lado ruim, não só beirando como mergulhando de cabeça em atitudes egoístas e gananciosas, o que confere ao personagem o papel de vilão da história. Ele não se importa minimamente nem com o Astronauta e nem com a Doutora, ele só quer cumprir a sua missão pessoal, custe o que custar.
Em meio à missão de reconhecimento da singularidade, eles acabam por encontrar uma anomalia espacial, um octaedro misterioso que não respeita nenhuma das nossas leis científicas conhecidas. Movido pela ganância, o Major se apodera da anomalia e a toma para si como se fosse uma nave e mesmo com contundentes protestos do Astronauta, Major guia a anomalia para a Terra sem pensar nos perigos que envolvem a sua ação. Caberá agora ao nosso Astronauta tentar dissuadir o Major de seu objetivo ou encontrar uma forma de neutralizar suas ações e salvar o nosso planeta dos efeitos dessa anomalia.
A Doutora é responsável por emitir um relatório para a BRASA atestando que o Astronauta Pereira está plenamente capaz de exercer suas funções, ela é utilizada como narradora da estória, sempre apontando evidências durante a missão para sustentar os pontos de seu relatório final.
Eu gostei mais uma vez das ilustrações e das cores do trabalho, que estão menos frias que no trabalho anterior, dando o tom certo para essa nova história, é gritante o talento de Danilo e Cris aqui. Por falar em história, ela pode decepcionar aqueles que procuram algo com um tom semelhante ao livro anterior, Danilo soube explorar a obstinação do personagem, sua ética profissional, racionalidade e sentimentos muito bem, a forma com a qual o personagem lida com o caos causado pelo vilão é criativa e reforça as qualidades do personagem citadas anteriormente, porém a estória não emociona tanto quanto a anterior.
Astronauta Singularidade aprofunda o conhecimento do leitor sobre o personagem ao entregar uma nova faceta do mesmo, deixando de lado a solidão de Magnetar para fazer com que ele interaja com pessoas que lhe despertam uma de suas características mais fortes e extremamente necessárias para o trabalho que desempenha, a obstinação.
Quantos cafés Astronauta Singularidade merece?
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