“Oito Mulheres e um Segredo” ou “Ocean’s 8” é mais uma das tentativas de Hollywood de trazer de volta algo que já fez muito sucesso, porém, com uma roupagem diferente que converse mais com o contexto social que estamos inseridos atualmente. Uma das grandes e necessárias discussões atuais é o papel da mulher, seu poder e lugar e para defender todas essas questões e muitas mais, foram escaladas oito mulheres incríveis para uma versão feminina de uma das trilogias mais legais sobre roubos mirabolantes.
Com nomes como Sandra Bullock, Cate Blanchett, Anne Hethaway, Mindy Kaling, Sarah Paulson, Awkwafina, Helena Bonham Carter e Rihanna no elenco e a proposta de uma versão feminina dos filmes anteriores, curiosamente o longa é dirigido por Gary Ross (jogos Vorazes) que conta com a ajuda de Olivia Milch no roteiro, não seria mais interessante contratar uma mulher para a direção do projeto? Não que Gary Ross não faça um trabalho competente aqui, pelo contrário, mas se a proposta era criar uma versão com uma visão mais feminina…enfim, vamos ao que interessa.
Debbie Ocean (Sandra Bullock) mostra que a desenvoltura para cometer crimes é sim transmitida por DNA, após sair da prisão em uma condicional por bom comportamento, a vigarista decide reunir um grupo exclusivamente feminino com o simples objetivo de roubar um colar de 150 milhões de dólares no dia em que ele será finalmente tirado de seu cofre subterrâneo fortemente vigiado, o baile anual do Met Gala.
Assim que sai da prisão, Debbie entra em contato com sua amiga de longa data Lou (Cate Blanchett) para ajudá-la na missão de agrupar mulheres com talentos específicos para o feito, então, Lou, cheia dos contatinhos como ninguém, logo reúne um grupo perfeito composto por Tammy (Sarah Paulson), uma dona de casa que secretamente gerencia vendas de produtos contrabandeados, Amita (Mindy Kaling) uma designer de joias infeliz com seu trabalho atual, Constance (Awkwafina) uma mulher que vive de aplicar pequenos golpes nas ruas, Rose Weil (Helena Bonham Carter), uma estilista fadada ao esquecimento e Nine Ball (Rihanna) uma hacker, mas a peça essencial desse quebra cabeça é a celebridade Daphne Kluger (Anne Hathaway) que será a anfitriã do Met esse ano e usará a tal joia que Debbie quer roubar.
Então, a primeira parte do filme apresenta cada uma dessas mulheres e seus interessantes dons, enquanto Debbie encabeça e arquiteta o plano do roubo, não sem se aproveitar da oportunidade para se vingar de seu ex que a colocou na prisão. Essa é a simples premissa do longa que em nenhum momento deixa a peteca cair ou se torna cansativo, é muito interessante acompanhar a forma com a qual esse plano se desenvolve até a sua execução e graças ao bom Deus, as personagens são suficientemente trabalhados, claro que algumas possuem mais destaque, para que o público sinta empatia suficiente para torcer para as picaretas e até temer que alguma delas seja pega.
O ritmo do filme é fluído, a trilha sonora é competente, a direção favorece as performances das atrizes e os figurinos são ótimos, mas nem tudo são flores. O filme peca em apresentar soluções facilmente e muito rapidamente para qualquer problema que apareça e que possa levar o plano ao fracasso, nós sabemos que as mulheres são extremamente mais assertivas quando se propõem a exercer algum trabalho do que qualquer homem, sendo assim, esperava que houvessem sufocos maiores que exigissem mais dos talentos de cada uma das personagens, talvez esteja aí o tal do toque feminino que falta no longa.
“Oito Mulheres e um Segredo” está longe de ser a bomba que estão pintando por aí, o filme é divertido, com atuações convincentes e mesmo não fugindo muito dos moldes dos filmes anteriores, não soa pedante ou se torna a formula desgastada. Falta um toque feminino aqui para que a obra atingisse o grau que merecia, mas ainda assim é um bom filme e eu estou torcendo loucamente por uma confirmação de sequência para ontem!
Quantos cafés “Oito Mulheres e um Segredo” merecem? Seria um 3,5 de 5, mas como não trabalhamos com xícaras de café pela metade por aqui…