“Origins” é o quarto disco de estúdio da banda de pop/rock alternativo Imagine Dragons, o sucessor de “EVOLVE” veio muito antes do esperado, com o espaço de apenas um ano, a banda mal acabou de encerrar a turnê do terceiro disco e já entra em turnê com novidades.
De acordo com Dan Reynolds, vocalista da banda, são outros tempos para o mundo da música e por que não lançar um álbum agora, uma vez que a mensagem que querem passar soa tão atual? A banda estava deixando seus fãs um tanto quanto confusos, de uma hora para a outra, durante a turnê de trabalho do terceiro disco de estúdio, começaram a divulgar músicas avulsas, ninguém sabia ao certo o motivo.
Eu particularmente acreditava ser um novo relançamento de “Evolve”, uma vez que o disco era recente e as novas canções soavam como uma clara evolução de sonoridade, porém assim que a turnê chegou ao fim, a banda anunciou que as canções previamente divulgadas eram singles do disco que seria lançado em poucas semanas, matando os fãs do coração.
O sucesso meteórico da banda é facilmente justificável, uma vez que suas composições contém a muito da verdade dos integrantes, um grande exemplo disso é o trabalho que fizeram com o disco “Evolve”, ali eles não só evoluíram como artistas, mas também como pessoas.
A banda passou a usar seu espaço para chamar atenção às causas que acreditam, esse ano eles lançaram o documentário “Believer”, um filme que discute o tema da interseção entre a comunidade LGBT e a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, chegando à lançar uma canção em colaboração com Hans Zimmer, onde todos os rendimentos foram revertidos para instituições de caridade LGBTQ. O ativismo tem sido frequente nos shows da banda e o vocalista Dan Reynolds tem se mostrado grande apoiador das minorias, sempre apoiando causas que vão contra aqueles que oprimem, invalidam e desumanizam pessoas consideradas fora do padrão.
Faixa a Faixa
- NATURAL
A canção que abre os trabalhos do “Origins” faz isso de forma incrível trazendo um instrumental de peso aliado aos vocais poderosos e rasgados de Reynolds, a composição fala sobre o quanto você precisa ser insensível para viver hoje em dia sem sentir-se preocupado com o que acontece à sua volta. O questionamento aqui é para aqueles que fecham os olhos ao sofrimento alheio e tratam com naturalidade as mazelas que pessoas menos privilegiadas precisam encarar, sobre o desaparecimento da essência em detrimento do conforto social.
- BOOMERANG
O ritmo agitado é quebrado na segunda faixa do disco com uma canção que fala sobre as idas e vindas de um relacionamento e a dificuldade de largar um sentimento, fazendo com que a relação acabe e recomece diversas vezes tendo como metáfora com o lançamento de um bumerangue. A sonoridade da faixa lembra bastante o trabalho feito no disco de estreia da banda e com toda a certeza vai agradar fãs dessa fase, o instrumental é interessante na medida que não invade a voz do vocalista, que soa mais limpa aqui. Eu particularmente acho a canção um tanto quanto deslocada na tracklist, ela se apaga no meio de Natural e Machine, precisei escutar algumas vezes para gostar.
- MACHINE
Na terceira faixa retornamos para um ritmo mais agitado, repleto de sintetizadores, percussão e um solo de guitarra maravilhoso, com vocais calmos intercalados com gritos e brados energéticos de Dan reforçados em coro por todos os integrantes da banda. Machine é sem dúvida a minha favorita do disco, eu não consigo passar um dia sem escutar desde o lançamento. Além de ter um instrumental e vocais incríveis, a canção tem uma mensagem sobre não se vender ao sistema, não fazer parte da “máquina” e fazer tudo de acordo com a sua essência, pintar a cidade com sua própria visão do que é correto, a canção estaria perfeitamente localizada na tracklist abaixo de Natural, uma vez que funciona como um contraponto.
I’m not scared of what you’re gonna tell me
No I’m not scared of the beast in the belly
Fill my cup with endless ambition
And paint this town with my very own vision
- COOL OUT
A quarta faixa do disco tem um instrumental que faz uma coisa que a maioria das músicas da banda faz comigo, me faz viajar pra algum outro lugar. Apesar de ter uma sonoridade bem fresh, a canção não é uma das mais felizes, ela fala sobre um relacionamento que está em um limbo, esperando que o tempo resolva os problemas, com uma das pessoas envolvidas dizendo para a outra relaxar, não forçar a barra, pois uma hora ela vai perceber que as coisas não estavam funcionando e que talvez ela não seja a pessoa certa.
- BAD LIAR
Quando eu escutei a canção pela primeira vez eu só conseguia pensar na música do caminhão de gás, gente, é exatamente o mesmo som, como encarar a faixa com seriedade agora? Bom, vamos tentar! Bad Liar é uma balada midtempo com um refrão poderoso, daqueles que fazem a gente chorar no meio do show balançando o celular com a lanterna ligada sabe? Bem, a canção é evidentemente inspirada em seu divórcio, como várias outras composições do disco, onde ele reflete sobre momentos que mentiu para si mesmo tentando fazer com que o paraíso imaginário de sua relação se mantivesse firme, porém, no fim das contas ele percebe que estava mentindo para si mesmo, que as coisas não iam tão bem assim, é essencialmente uma canção sobre tentar fazer com que a relação dê certo apesar dos problemas evidentes.
- WEST COAST
Com uma melodia leve e um instrumental bem folk, “West Coast” fala sobre tentar ser o melhor possível para alguém, mesmo sabendo dos seus defeitos, cicatrizes e limitações. Aqui há o reconhecimento de não poder ser uma pessoa perfeita que vai oferecer uma relação “paradisíaca”, mas que vai proporcionar o melhor que puder. Sem dúvidas uma das faixas mais bonitas do disco e mais gostosas de se ouvir.
- ZERO
Se você é uma pessoa que gosta de correr na esteira escutando música, Zero precisa estar na sua playlist de treino. Extremamente energética, a canção é uma uptempo oitentista que fala basicamente sobre ser um loser. A faixa faz parte da trilha sonora da sequência da animação “Detona Ralph” e ganhou um clipe que eu não posso descrever de outra forma, além de louco.
- BULLET IN A GUN
Se tem uma coisa que a banda sempre consegue é criar refrões que ficam na cabeça, Bullet in a gun é um grande exemplo disso. Na minha interpretação, a música fala sobre a pressão de ser uma banda famosa e aproveita o espaço para fazer críticas ao mercado fonográfico, a mídia e veladamente à artistas que não apoiam outros artistas.
- DIGITAL
Essa faixa é uma bagunça sonora, ela começa com um violão e vai ficando cada vez mais eletrônica e psicodélica, cheia de efeitos sonoros e distorções de voz. A canção fala sobre mudança de mundo, mas não aquela mudança na qual estamos apenas inseridos e vendo acontecer e sim sobre as mudanças que nós mesmos provocamos, que a nova geração vai provocar. Sem dúvidas, sonoramente, é a canção mais diferentona que a banda já criou.
- ONLY
Only é uma faixa maravilhosa que evoca o clima e a sonoridade dos anos 80, o refrão é embalado por sintetizadores e bateria e mais uma vez me fez viajar enquanto escutava com meus fones de ouvido. A canção fala simplesmente sobre amor, sobre devoção à pessoa amada e daria uma boa trilha sonora para uma road-trip à dois, já imagino um clipe na minha cabeça com o casal pulando na cama e fazendo guerra de travesseiro (bem brega messssmo). Fica a dica!
- STUCK
Temos aqui a minha balada favorita do disco, eu amo tudo sobre essa música, a voz do vocalista está bem mais limpa nessa faixa, sem muitos artifícios sonoros e o sotaque está ainda mais acentuado (amo o sotaque do Dan). A canção com toda a certeza é uma declaração de amor para sua ex-esposa, a letra fala sobre amar uma pessoa e se ver presa à ela mesmo após o fim da relação. É linda demais!!
- LOVE
Você quer mais amor? Eu amei a construção da faixa, a voz do Dan continua mais limpa aqui e há adições vocais em coro feitas pelos outros integrantes da banda. A faixa fala sobre a falta de amor que nos levou à sermos uma sociedade egoísta, Dan se pergunta no refrão onde foi que nós erramos e imediatamente responde sua própria pergunta, erramos com o amor, com a falta de amor. Essa canção encerra a versão Standard do disco.
Na versão Deluxe do disco, temos mais três canções, Birds, Burn Out e Real Life, dentre as três, Birds é a minha favorita e eu facilmente substituiria Boomerang por ela na tracklist da versão Standard, assim como substituiria Digital por Burn Out.
“Origins” é uma espécie de disco irmão de seu antecessor, de acordo com a banda, o novo trabalho completa um ciclo, é uma abordagem mais fresca e saudável. “Evolve” trazia reflexões sobre evolução, sobre coisas bonitas crescendo em meio ao caos e “Origins” é o resultado dessas reflexões e o florescer do que cresceu nesse último ano, a expansão da consciência coletiva, uma maior carga de empatia e amor próprio. A sonoridade da banda evoluiu bastante e não há como negar que eles não estão muito interessados em seguir fórmulas. Imagine Dragons é uma banda que se reinventa, renova e melhora a cada novo trabalho, com cada vez mais substância e ciência de que suas vozes e canções podem e serão usadas para coisas mais relevantes e profundas do que só vender discos.
Quantos cafés “Origins” merece?
Only, West coast e Zero não saem da minha mente. O que dizer dessa banda que conheço tão pouco e já considero pacas??? Obrigado pela evangelização!!!
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Posso ouvir um amém igreja?
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Eu ainda não parei para ouvir faixa a faixa. Mas amei muito MACHINE e West Coast.
Eu não curti muito Zero, desde quando lançou, acho muito agitada hauhauha
Seu post me fez ficar com vontade de ouvir o álbum completo e com mais atenção.
Sem dúvidas, eu amo essa banda. Tanto que tatuei o título de uma das suas músicas. ❤
bjão, Luke!
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E a tatuagem ficou a coisa mais linda !!!
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