“Cinzas de Fazer Fênix” é o terceiro livro do poeta Rogério Bernardes e faz parte do seu projeto trilogia alada, que é composto pelo “Cinzas” e mais duas coletâneas, sendo elas: “Olhar de Andorinha” (2014) e “Cantigas de Ninar Dragões” (2017). A nova coletânea conta com 64 poemas e um projeto gráfico de encher os olhos, repleto de ilustrações criadas por Lu Valença que complementam os poemas e ajudam à tocar a alma do leitor.
Como eu disse nas minhas impressões sobre o “Cantigas”, a poesia é o gênero literário mais fora da minha zona de conforto e, por esse motivo, eu demoro bastante para ler um livro de poemas, pois não consigo devorar as páginas umas seguidas das outras como faço com os romances. A poesia pede calma, paciência e coração aberto.
Se em “Cantigas de Ninar Dragões” Rogério fez um estudo sobre seus medos, enfrentando-os com determinação e matando cada um de seus dragões, em “Cinzas de Fazer Fênix” (não canso se falar esse nome, que título lindo) o poeta coloca fogo em tudo, deixando que se tornem cinzas para sempre coisas que não o conferem mais calor à alma e dando a oportunidade de renascimento para as fênix que sobreviveram ao incêndio e à purificação pelo fogo que poderia levá-la à morte, mas acabou deixando-a mais forte.
Os poemas trazem lições sobre não perder tempo com coisas e pessoas que te impedem de ser o que você é, sobre não enclausurar dores e medos, pois um dia eles podem vir a se libertar e nos devorar, há também espaço para alertar sobre a omissão, pois não há perigo maior do que deixar de falar, não se expressar, pois ao se anular há quem entenda que tem a permissão de preencher o vazio deixado por suas palavras não ditas.
“…Escapou do medo
Mas morreu afogado”.
Trecho de Abissal
Há poemas inspiradores que incitam a resistência das minorias que sempre foram subjugadas e recentemente ganharam mais um motivo para lutar ainda mais para que suas essências e existências sejam no mínimo respeitadas.
Eu me emocionei durante a leitura de diversos poemas contidos na obra, cheguei até a chorar no trem à caminho do trabalho, pois é evidente na escrita do Rogério o quanto ele imprime sua verdade em cada palavra que compõe cada frase contida em seus poemas. As ilustrações tornam a leitura ainda mais especial, conferindo um ar mítico e onírico aos poemas do autor.
Dentre os poemas que estão nessa coletânea, tenho alguns favoritos, sendo eles: Abissal, Bunker, Após o Fogo, Cárcere, Cromofobia, Gaiola Quebrada, Não Passa, Lázaro, Viela dos Colibris, Maldito, Diploma, Supernova, Perigo!, Após a Chuva, Teto Cinza, Privilégio, Poeira e Trilogia Alada. Sim, foram muitos!
“Cinzas de Fazer Fênix” é uma coletânea que diz muito sobre destruição e reconstrução, sobre abandonar coisas, pessoas e sentimentos que são tóxicos à sua alma e conceder esse lugar que vagou à coisas, pessoas e sentimentos que te aquecerão a alma e te concederão o fogo que você precisa para arder como um pássaro místico. Se você, assim como eu, tem a poesia como um gênero mais fora da sua zona de conforto, indico muito que conheça o trabalho do Rogério, pois ele me fez aprender a amar a poesia, vai que você também se apaixone! Para conhecer mais sobre o trabalho do Rogério Bernardes, acesse a página do poeta no Instagram. Caso tenha se interessado pela obra, você pode adquiri-la na loja da Editora Penalux.
Quantos cafés “Cinzas de Fazer Fênix” me fez tomar durante a leitura?
Poesia também é o que mais se distancia do que eu costumo ler!
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