JULHO NACIONAL: MERCÚRIO CROMO – AURELIANO

“Mercúrio Cromo” é um livro que reúne trabalhos do ilustrador, quadrinista e jornalista Aureliano, de Natal (RN), o livro foi lançado em 2017 pela editora Lote 42 e tem a dor como tema principal.

Reunindo artes criadas desde 2015, o livro consegue dizer a que veio logo pela capa, onde um band-aid estanca uma ferida tingida de vermelho pela aplicação de mercúrio cromo, o famoso mertiolate que mamãe aplicava nos machucados, ardia pra caramba, mas curava a ferida, assim como as páginas desenhadas por Aureliano que também ardem na alma com o intuito de promover cura.

Das inseguranças, incertezas e descontentamento com o próprio corpo, surgiu a ideia de encarar esses problemas com arte, objetivando se entender na medida que desenhava os fantasmas que assombravam sua saúde mental e emocional.

Desde o momento no qual Aureliano decidiu retratar a si mesmo da maneira com a qual ele se enxergava e divulgar esses trabalhos na internet, ele acabou descobrindo que muitos de seus conflitos eram os mesmos de diversas outras pessoas, assim foi surgindo uma espécie de terapia e rede de apoio coletiva não intencional, provocando reflexões que inicialmente eram externas, mas acabaram ganhando uma proporção coletiva.

Afinal, os questionamentos acerca de incertezas, escape da realidade, auto-sabotagem, o peso do passar do tempo, erros e a ansiedade, que está em boa parte do conteúdo do livro, são questionamentos intrínsecos à nossa geração, uma geração que quer conquistar tudo rápido demais, que muitas vezes se mede pela régua alheia e por isso vive constantemente assombrada por um fracasso que só existe em função de expectativas super-infladas por um manual que supostamente é o passo-a-passo para um ser humano bem-sucedido.

Essa pressão por conseguir alcançar o que dizem ser o nirvana faz com que a ansiedade nos engula, nos faça cometer erros, escolher caminhos errados, se afundar em mares de receio, medo e nos faz construir barreiras e mais barreiras para evitar enfrentar as asperezas do mundo. As ilustrações do Aure nos mostra o quanto é necessário assumir nossas falhas, erros, imperfeições, pois elas fazem parte de quem nós somos; nossos medos, receios e inseguranças, pois precisamos nos conhecer, entender as raízes desses sentimentos para só então conseguir extirpá-las e seguir em frente rumo à nossa melhor versão, sem se cobrar demais, sem se medir pela régua alheia ou buscar a felicidade em um manual criado pelos outros.

Mas não pense que “Mercúrio Cromo” é um trabalho triste, Aureliano também se utiliza do humor nesse processo de cura, é impossível não se identificar com certas atitudes do peladinho (maneira como o artista decidiu retratar seus desenhos para refletir sobre sua própria imagem) e se ver rindo com  ansiedade que lhe faz comprar trocentos livros na Amazon sem necessariamente precisar daquilo, ou se encher de açúcar para tentar encarar uma situação com a qual não se sente emocionalmente preparado, ou ainda quando recolhemos os limões que a vida nos dá tacamos na cara dela para mostrar quem manda, o famoso: Eu vou faz isso nem que seja na base do ódio!

“Mercúrio Cromo” não é somente uma forma que o artista encontrou para lidar com seus problemas, neuras, ansiedades e medos, é um trabalho que vai te fazer repensar sobre diversos aspectos de si mesmo, eu particularmente sinto que a leitura desse trabalho me transformou de certa forma e espero que você também sinta isso ao lê-lo. Antes de terminar de ler esse texto com as minhas impressões sobre o livro, destrave a mandíbula, relaxe os ombros, respire fundo e expire, tudo vai ficar bem ok? Abraço!

Gostou das minhas impressões? Você pode adquirir o eu “Mercúrio Cromo” na Amazon pelo link do blog. Não deixe de conhecer mais sobre o artista lá no Instagram ou Twitter, você também pode encontrar prints lindos na lojinha virtual do aure.

Quantos cafés “Mercúrio Cromo” merece?

4 comentários sobre “JULHO NACIONAL: MERCÚRIO CROMO – AURELIANO

  1. Ana Ramos disse:

    Passei a seguir o Aureliano no Instagram pela sua indicação e lendo sobre o livro dele fiquei ainda mais apaixonada. O interessante do mundo conectado é justamente essa possibilidade de poder compartilhar as dores e descobrir que elas podem ter nome e que não estamos sozinhos. Que delícia de troca!

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