JULHO NACIONAL: NÃO DEIXE O MONSTRO DESPERTAR: CHARLITTO OGAMI

“Não Deixe o Monstro Despertar” é a segunda publicação digital independente do jovem autor Charlitto Ogami, natural de Vila Velha (ES). O autor recentemente lançou o conto “A Porta Azul-Turquesa” e possui um conto publicado na quinta edição da revista de pulp-fictions “Diário Macabro”.

“Minha mãe sempre me dizia que não existiam monstros da maneira como eu imaginava, mas que eles viviam dentro de cada um de nós”.

“Não deixe o monstro despertar” é um mantra que Arthur escuta sua mãe recitar desde que era pequeno, o mantra o fazia temer que algo saísse de dentro de si e rasgasse sua carcaça para tomar conta de sua vida, não tardou muito para que ele descobrisse sozinho o que viria a ser o tal monstro que sua mãe preferia manter adormecido.

O pai de Arthur era o monstro da casa, um homem alcoolatra que descarregava sua fúria em cima da mulher e filho, até que Arthur não conseguiu mais presenciar os ataques do pai e acabou vendo seu monstro interno agir pela primeira vez, colocando um fim nos contantes ataques de violência daquele que deveria ser sinônimo de proteção.

Sozinho no mundo, na medida que amadurece, Arthur se orgulha de não ter se tornado um homem semelhante ao seu pai, pelo contrário, em suas relações busca sempre defender as mulheres de ataques de homens escrotos, canalizando o seu monstro interior e toda a sua violência contra eles.

O problema é que em meio às suas tentativas de distanciar-se das características do pai, Arthur torna-se cada vez mais violento com suas “vítimas”, o que chega à fazer com que pessoas se afastem e relacionamentos não durem muito, afinal, pessoas próximas temem que as demonstrações de violência um dia sejam aplicadas à elas.

Arthur se perde ao imaginar que poderia controlar e canalizar seu monstro interior da forma que bem entendesse, seus atos vão se tornando cada vez mais violentos e ele passa a cometer erros que lhe confere cada vez mais proximidade com o monstro que seu pai foi um dia.

Em seu segundo trabalho publicado de forma independente, Charlitto deixa de lado o horror cósmico e expõe um horror ainda mais assustador por ser tão crível, associável e comumente visto em qualquer noticiário da tarde, o homem pode ser um monstro tão assustador quanto qualquer criatura cósmica.

A violência doméstica é retratada aqui de forma crua e cruel, assim como suas influências sobre a vida de quem passa por essa experiência e amadurece com essa bagagem nas costas e também aproveita o espaço para tecer uma crítica à incompetência e imperícia  policial em casos de violência doméstica.

“Não deixe o monstro despertar” é um conto que deixa claro o potencial destrutivo do homem, exemplificando o monstro como efeitos psicológicos causados por situações de violência doméstica e abuso psicológico, o autor também faz com que o leitor reflita sobre a inevitabilidade da maldade e as características adquiridas passadas de geração em geração, seriam elas pontos de definição da nossa personalidade? Por via das dúvidas, não deixe o monstro despertar!

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Quantos cafés “Não deixe o monstro despertar” merece?

4 comentários sobre “JULHO NACIONAL: NÃO DEIXE O MONSTRO DESPERTAR: CHARLITTO OGAMI

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