MÊS DO HORROR: DIÁRIO MACABRO #05

A revista “Diário Macabro” é uma publicação da Editora Diário Macabro viabilizada por meio de financiamento coletivo. Trata-se de uma coletânea de contos de terror, horror, mistério, suspense e fantasia que objetiva divulgar a literatura de horror Brasil afora, assim como, dar espaço para novos autores terem seus trabalhos publicados. Nesse post, comentarei sobre a quinta edição da revista, a primeira que assinei.

A quinta edição da revista Diário Macabro conta com doze contos originais de autores independentes, sendo eles: Rodrigo Reis, Bárbara C. Oliveira, Igor Moraes, Marlon P. Silva, Kelly Amorim, Charlitto Ogami, Paulo Otávio Barreiros Gravina, Gregory Polo, Ricardo Seelig, Julierme Rabello de Souza, Rafael Beltrame e Fábio Aresi, além do conto “A Voz da Noite” de  William Hope Hodgson, traduzido por Mimi Zanetti, o quadrinho “O sacrifício dos lobos” de André Martuscelli e uma entrevista com Ikarow.

A antologia é aberta por “Cadeira Negra” de Rodrigo Reis, onde um proprietário de um restaurante vê seu negócio prosperar após um misterioso cliente sair sem pagar, deixando uma marca negra na cadeira que sentara. Misteriosamente, todos que sentam nessa mesma cadeira são acometidos por um apetite insaciável e, se utilizando das propriedades do objeto mágico, ou amaldiçoado, o proprietário tenta reerguer seu restaurante, sem raciocinar que nada muito bom pode ser construído tendo como base a ganancia e o egoísmo.

Seguindo, temos “O demônio de Cromwell Street” da Bárbara C. Oliveira, um conto com um plot twist que me pegou muito desprevenido. Na trama, acompanhamos um homem trancado dentro de uma casa, sofrendo de perturbações mentais e psicológicas, tentando escapar de vozes e sons que parecem sair das paredes. Ao finalizar o conto, você vai perceber que nem sempre é possível se livrar dos seus demônios.

Eu amo contos e histórias onde os personagens principais são autores, isso acontece em “Biblioteca de originais” do Igor Moraes. Um autor relativamente famoso está sofrendo com um bloqueio e não consegue finalizar uma publicação. Certa noite, após um evento que parece ter destravado de vez sua criatividade, ele tem seu fluxo de pensamento interrompido pelo lembrete de que precisa devolver um livro à biblioteca. Chegando lá, ele se depara com livros finalizados e inéditos de escritores falecidos, cabe a ele descobrir o que fará com essa informação.

Outra coisa que eu amo é quando autores nacionais se utilizam do nosso folclore para criar novas histórias e interpretações, reinventando e atualizando essas criaturas. Isso acontece no conto “A canção da morte” de Marlon P. Silva, que nos apresenta uma reinterpretação do conto da Iara, uma sereia cujo beijo te deixará sem fala, assim como algumas cenas desse conto.

Ser surpreendido em uma história de terror é fundamental e quando essa surpresa é aliada à uma reviravolta bizarra, eu simplesmente morro de amores. Isso acontece em “Pumpkin” da Kelly Amorim, conto que me trouxe a sensação de estar sentado com amigos ao redor de uma fogueira contando histórias trash de terror. Este é um conto bem enxuto que conta a história de um produtor de abóboras que não quer vender sua produção para as crianças da região, que só querem desperdiçar suas abóboras esculpindo-as com sorrisos estúpidos para uma festa pagã.

Nesse volume da Diário Macabro há um conto inédito do autor Charlitto Ogami e, na minha modesta opinião de leitor, é o melhor de seus trabalhos até o momento. “Devaneios de uma manhã de verão” é um conto onde ele deixa bem clara sua influência lovecraftiana, sem perder sua identidade, nos apresentando criaturas terríveis, inomináveis e indescritíveis, e confundindo a cabeça do leitor em um plot twist nada óbvio. Não é um conto para ser lido durante a noite e muito menos se você estiver de férias no litoral.

Eu não sou muito fã de histórias de vampiros, acho que o Edward Cullen tirou toda a graça que esses seres poderiam ter para mim. “Diário de um vampiro” é um conto escrito por Paulo Otávio Barreiros Gravina, onde acompanhamos relatos de um vampiro, relatos esses recheados de um humor ácido, situações engraçadas e que te fazem pensar se deveria mesmo estar rindo daquilo. A temática não é das minhas favoritas, mas o conto é bom.

Curiosamente, o conto que ilustra a capa da quinta edição da revista é um dos que eu menos gostei. “A noite dos encouraçados” de Gregory Polo é um conto mais extenso, onde são relatados acontecimentos em duas épocas diferentes, sendo elas 1982 e 2002. Criaturas encouraçadas aterrorizam personagens dos quais não consegui me apegar ou me importar, eu só queria que todo mundo morresse logo, isso não quer dizer que a escrita seja ruim, pelo contrário, pretendo procurar mais histórias do autor, mas essa em específico não me fisgou.

Já o conto “A casa” de Ricardo Seeling me fisgou mais, apresentando um grupo de amigos retornando para uma casa. As motivações para esse reencontro e os desdobramentos dele são bizarros demais, eu terminei a leitura chocado! Outro conto que me chocou foi o “No topo da colina a loucura habita” de Julierme Rabello de Souza, onde conhecemos a história triste dos membros da família Montovani e seus desfechos em uma mansão que parece despertar o pior nas pessoas. Aparentemente tenho um certo apego por histórias de casas assombradas ou bizarras.

Perto do fim, temos “Verdade ou desafio” do Rafael Beltrame, para comprovar de uma vez por todas que escolher desafio nessa brincadeira não é uma boa ideia, mesmo que você queira se redimir diante dos colegas que te zoam por um fato constrangedor do passado, NÃO ESCOLHAM DESAFIO!

Para finalizar, temos a primeira parte do conto “Dragonis Filli ou O destino de J. P. Eckelmann” do autor Fábio Aresi e foi o conto que eu menos gostei por diversos motivos, mas não falarei sobre o conto simplesmente pelo fato de que ele está incompleto. Não acho que a decisão de dividir a história em duas partes foi algo bom de ser feito, talvez tenha sido uma ideia editorial para fidelizar o leitor e fazer com que ele compre a edição 6 para descobrir o final do conto, particularmente a revista já tinha me ganhado com a proposta e com as histórias anteriores, fiquei sem entender.

Logo depois da última história temos uma ótima tradução de Mimi Zanetti  para o conto “A Voz da Noite” de William Hope Hodgson, conto maravilhoso, nojento e perturbador e, para finalizar a edição, um quadrinho curto com roteiro e arte de André Martuscelli, que me agradou bastante. Vale mencionar que toda a revista é recheada de ilustrações incríveis criadas por diversos artistas convidados, como Aline Psidonik Finkler, Matheus Ferreira de Jesus, Yuri Perkowski, Leander Moura, Bertho Horn, Pietro Peres, Necrohime, Lucas Silvestre, Edu Manzano e Gustavo Dourado.

A minha primeira experiência com uma edição da revista “Diário Macabro” foi ótima, a proposta da publicação me agrada muito, pois amo conhecer novos autores, ainda mais quando eles escrevem meu gênero literário favorito. Há alguns detalhes que não me agradaram tanto, mas talvez não incomode tanto outros leitores, talvez eu seja chato demais. Já participei do financiamento coletivo da sexta edição da revista e assim que conseguir lê-la, trarei minhas impressões para vocês. Grande abraço e até o próximo café assombrado.

Quantos cafés a quinta edição da revista Diário Macabro merece?

2 comentários sobre “MÊS DO HORROR: DIÁRIO MACABRO #05

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