“O Homem Invisível” é o mais novo filme de Leigh Whannell, roteirista de filmes de terror como “Jogos Mortais” e “Sobrenatural”, o longa que se baseia em um personagem de H.G. Wells, conta com uma atuação incrível de Elisabeth Moss e chegou aos cinemas no finalzinho de fevereiro.
Cecilia Kass (Elisabeth Moss) é esposa de Adrian Griffin (Oliver Jackson-Cohen), bem, pelo menos foi a esse papel que Adrian resumiu sua vida após o casamento. De pouco em pouco, Cecilia foi perdendo o controle sobre si mesma e Adrian passou a controlar sua alimentação, seu jeito de se portar, vestir, se relacionar, as pessoas que podiam se aproximar, as palavras que saiam de sua boca, seu direito de ir e vir e até mesmo o que ele poderia ou não pensar, sendo cogitar escapar da prisão de vidro e concreto, uma possibilidade explicitada como impossível e desencorajada com violência física e psicológica.
Adrian, um grande empresário e engenheiro do ramo da óptica, quer aumentar sua prole e, essa vontade insistente e maníaca do marido em ter um filho, faz com que algo finalmente acione a coragem de Cecilia, que sabe muito bem que a partir do momento que der um filho para o marido, ela nunca mais conseguirá fugir dele. Por isso, ela planeja minunciosamente sua fuga e, com ajuda da irmã e alguns amigos, deixa a gaiola de vidro, concreto e o monstro abusador para trás. Bem, pelo menos foi isso que ela pensava.
Tentando dar um passo de cada vez para retomar a vida que lhe foi roubada, a arquiteta Cecilia Kass vive com medo. Ela sabe que seu algoz não a deixará em paz tão fácil, o que torna ainda mais difícil retomar sua vida como ela nunca deveria ter deixado de ser. Inesperadamente, a notícia de que Adrian está morto, decorrente de um ato de suicídio, faz com que ela se permita respirar novamente, mas por pouco tempo.
Algumas coisas são muito evidentes para Cecilia, ela se lembra que seu marido a alertou que ela nunca se veria livre dele, ela sabe que alguém como Adrian jamais se mataria, ela também sabe que as constantes intervenções bizarras que estão a impedindo de seguir em frente não são coisas da sua cabeça. Mas essas convicções são só dela e ninguém parece estar disposto a acreditar que ela está sendo caçada pelo fantasma, ou por alguma artimanha diabólica e tecnológica de Adrian, afinal, a nossa sociedade infelizmente é machista e considera mais fácil julgar a vítima, a mulher, como louca.
Tendo isso em mente, o roteiro tenta instigar isso no telespectador para colocar uma luz sobre o assunto. Ei, Cecilia está realmente sendo assombrada por seu marido terrivelmente insano, ou a convivência por tantos anos com o abuso acabaram afetando seu psicológico? E depois, questiona: teria sido ela vítima de um relacionamento abusivo mesmo ou a mulher já era insana desde o início e passou a acreditar nas suas próprias fantasias? Esse tipo de questionamento e a forma com a qual ele é feito, sempre nas entrelinhas e de forma super natural, identificadas por trocas de olhares entre pessoas mais próximas, a fala mansa de quem tenta explicar algo para uma criança com pouco discernimento ou para uma pessoa emocionalmente ou psicologicamente instável, servem para colocar o telespectador na carne de Cecilia e exercitar um exercício de empatia que espero que fique com muitos após o fim da sessão.
Elisabeth Moss dá um show de interpretação mais uma vez, ela não só convence no papel, como carrega o filme todo nas costas e se transforma constantemente sob o olhar do telespectador e ela não precisa de muito, quem está acostumado com o seu trabalho em “The Handmaid’s Tale” sabe o quanto a atriz sabe dizer tudo o que precisa apenas com o olhar e aqui, isso não é diferente, inclusive é uma característica que faz com que o filme ganhe e muito em profundidade.
“O Homem Invisível” é um thriller com um clima extremamente tenso e desconfortável que vai te fazer pensar sobre relacionamentos abusivos e seu comportamento perante a eles. O roteiro, que também é de Leigh Whannell, foi muito inteligente em aliar a tecnologia com a questão que aborda, as relações abusivas, e todas as ramificações e particularidades desse tipo de relação, as cortinas de fumaça, o gaslighting e a problemática da sociedade que sempre dá um voto de confiança para a palavra do homem e trata a mulher como louca. Não é porque você não está vendo, que a coisa não existe, você não precisa ver, você precisa sentir, você precisa ter empatia, você precisa se colocar no lugar do outro.
Antes de finalizar essa resenha, preciso dizer que fiquei bem curioso quanto ao livro homônimo de H.G. Wells que inspirou o filme, mas quando pesquisei a sinopse do livro vi algo bem diferente, mas BEM diferente mesmo do que presenciei no cinema, então, caso você já tenha lido, me diga se ele se assemelha minimamente com tudo que você leu até aqui e se vale a pena conferir. Grande abraço e até o próximo café!
Quantos cafés “O Homem Invisível” merece?
Se eu fosse a Cecília eu entrava num quadro e acabava com ele. Ah pronto, agora quero assistir…
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Hahhahahahahahhahahhah referências…. Amigo, apenas assista!
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