“Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” é a mais recente animação da Pixar, lançada semana passada, com direção de Dan Scanlon (Universidade de Monstros), que também assina o roteiro com Keith Budin e Jason Headley, a animação ainda conta com dublagens de Tom Holland e Chris Pratt.
Com o surgimento de tecnologias que facilitaram muitas das tarefas cotidianas, o uso da magia foi enfraquecendo, até que ela fosse extinta de vez. Seres mágicos se adaptaram a essa nova realidade, deixando suas vidas selvagens e mágicas de lado, assumindo funções comuns e menos pautadas por aventuras e emoções.
Ian Lightfoot (Tom Holland) acaba de completar 16 anos de idade, contudo, o passar do tempo não diminuiu em nada o sentimento que o corrói por ter perdido seu pai tão cedo que sequer possui lembranças com ele. Ian se apega às quatro lembranças que seu irmão mais velho Barley (Chris Pratt) conserva do pai e todo o carinho que sua mãe Laurel (Julia Louis-Dreyfus) transmite em sua voz cada vez que fala sobre o ex-companheiro.
É com um presente, entregue pela mãe conforme instruções do pai, que Ian e Barley veem a chance de rever seu pai pela última vez e, agarrados a possibilidade, os dois irmãos embarcam em uma aventura para resgatar um artefato necessário para que a magia se realize. No meio dessa jornada, os irmãos descobrem que, na verdade, a magia não foi extinta, ela apenas estava adormecida.
Toda vez que eu vou ao cinema conferir algum novo lançamento da Pixar, eu vou com duas certezas no peito, a de que eu vou me divertir e a de que vou me emocionar e essas duas certezas se confirmaram mais uma vez com “Onward”.
Divertido e emocionante na medida certa, a animação conquistou meu coração ao misturar em sua aventura elementos de RPG e ter como foco emocional os laços e relações familiares, demonstrando que elas podem ser poderosas o suficientes para chegarem ao ponto de equivaler-se à magia.
A jornada de Ian e Barley é divertida na medida que conferimos o irmão mais velho apresentando todo o seu conhecimento nerd sobre histórias de outrora, um personagem tido como infantil e imaturo, mas que na verdade é um personagem de coração puro que se recusou a deixar que a magia fosse substituída pela frieza da tecnologia, isso é muito bem representado quando vemos a importância que Barley dá aos seus jogos de tabuleiro que contam a história de um mundo que seguiu em frente deixando o melhor de si para trás.
Já a parte da emoção fica por conta das percepções que Ian vai despertando em meio a busca pelo artefato mágico. Em sua ânsia por ter uma única oportunidade de conhecer algo do passado que não teve a oportunidade, ele acaba não percebendo quantas partes do presente estão passando desapercebidas, isso é bem exemplificado em um momento do filme onde ele revisa sua lista de coisas que quer fazer com o pai quando tiver enfim a oportunidade de passar 24 horas ao seu lado.
“Dois irmãos” é uma animação que me fez refletir sobre completude, sobre o quanto perdemos do presente ao entregarmos partes importantes de nós ao passado, mas também me fez refletir sobre o legado das pessoas que partem, legados mais importantes e profundos que qualquer presença física. Eu tenho certeza que nos próximos dias vou ficar revirando esse filme na minha cabeça e no meu coração e que, com certeza, ele vai transformar diversas coisas aqui dentro. Talvez essa seja uma terceira certeza sobre os efeitos que as animações da Pixar exercem sobre mim, a capacidade de transformação.
Quantos cafés “Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica” merece?
Já quero assistir…
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