SÉRIE: CASTLE ROCK – 2ª TEMPORADA

“Castle Rock” é uma série original da Hulu criada por Sam Shawn e Dustin Thomason, com produção executiva de J.J. Abrams e baseada nas histórias de Stephen King. A série entrelaça temas e personagens de uma das cidades fictícias mais icônicas e recorrentes no trabalho do autor, a cidade de Castle Rock.

Em busca de um lugar ideal, chamado aqui de “Laughing Place”, Annie (Lizzy Caplan) e sua filha Joy (Elsie Fisher) chegam à cidadezinha de Castle Rock. Annie é uma mulher instável com documentação falsa que vive de cidade em cidade buscando empregos em hospitais para conseguir roubar os medicamentos anti-psicóticos que precisa tomar.

Além de ladra, psicótica e manipuladora, ela exerce uma relação abusiva com a filha, mantendo-a sob controle, isolamento e constantes mudanças para evitar que a garota crie vínculos, com a constante desculpa de que está em busca do lugar ideal para que as duas possam finalmente criar raízes, o que é bem difícil de conceber, uma vez que estamos falando de Annie Wilkes, uma mulher procurada pela polícia e com um passado misterioso que pretende esconder custe o que custar.

Sim, estamos falando da Annie Wilkes de um dos livros de maior sucesso do autor Stephen King, a Wilkes fã número um do escritor Paul Sheldon, a Wilkes leitora da série Misery. Aqui, a série toma a liberdade de imaginar e nos apresentar o passado da personagem e todos os elementos que levaram uma garotinha a se tornar uma mulher cheia de obsessões.

Enquanto Annie tenta manter o seu disfarce, consegue um novo emprego no hospital da cidade e segue planejando o roubo dos remédios que precisa tomar para abrandar suas crises, conhecemos um outro núcleo da série.

Pop Merrill (Tim Robbins, nosso querido Andy Dufresne da adaptação de “Um Sonho de Liberdade”) é um homem conhecido e querido por toda a cidade de Castle Rock, ele é tio do encrenqueiro Ace Merril (Paul Sparks), personagem do conto “O Corpo” e do romance “Trocas Macabras”, e Chris Merril (Matthew Alan), personagem criado para a série, e pai de duas crianças adotivas da Somália, Nadia Howlwadaag (Yusra Warsama) e Abdi Howlwadaag (Barkhad Abdi), personagens também criados pela série.

Pop se recuperou recentemente de um câncer, mas acaba descobrindo que a doença voltou, sua filha adotiva e médica da cidade, Dra. Nadia sofre com as negativas do pai de testar tratamentos alternativos e seguir com o vício do tabagismo, disposta a não perder o homem que a adotou, ela começa a pesquisar formas de fazer com que ele aceite ajuda, mergulhando cada vez mais no passado de Pop e descobrindo coisas que podem não ser tão agradáveis.

Mas o câncer e e segredos do passado não são os únicos fatores com os quais Pop precisa se preocupar, as constantes brigas entre seu sobrinho Ace e seu filho Abdi tiram seu sono e tornam-se cada vez mais difíceis de controlar. Após a casa de Nadia e Abdi ser alvo de um incêndio criminoso, logo após uma discussão entre Abdi e Ace, Pop vai atrás do sobrinho e para seu desespero acaba descobrindo que ele sumiu, teria Abdi alguma relação com esse desaparecimento?

Annie passa a trabalhar no hospital da Dra. Nadia, Joy é testemunha de algo suspeito envolvendo Ace, assim, os caminhos de todos os personagens se entrelaçam, quando Pop tenta encontrar respostas para o desaparecimento do filho e acaba comprometendo a paz de Annie, uma coisa pouco aconselhável, ainda mais quando ela está de fato ligada ao desaparecimento do rapaz.

Mas ei, esse drama todo aí, não está faltando uma coisa para essa história ser uma típica história do King? Sim, o fator sobrenatural! O fator sobrenatural da série surge com Ace e uma cidade vizinha à Castle Rock, Jerusalem’s Lot, cidade mais conhecida pelo romance “Salem”, onde o vilão se prepara para ressuscitar os membros de uma seita centenária, tendo em sua mira uma personagem importante para se tornar o receptor da entidade principal da tal seita que irá destruir Castle Rock.

A mistura de drama com elementos sobrenaturais funcionou muito bem aqui, eu nunca poderia imaginar uma mistura tão bem feita entre Misery e Salem e essa é a graça e o brilho de Castle Rock, pois a série não adapta obras, ela adapta e reimagina o universo do autor e, dessa vez, de forma bem mais acertada do que foi feito em sua regular e confusa primeira temporada.

Eu amei conhecer esse passado de uma das personagens mais icônicas do Stephen King reimaginado por pessoas que não apenas trabalham com uma série, mas que trabalham com obras que aparentam amar e, graças ao bom Deus, respeitar enquanto reimagina e adapta. As referências às obras e até mesmo às adaptações já criadas para as obras do King são inúmeras aqui, porém muito bem colocadas e inseridas na trama, nada é fã service por fã service.

Temos referências à cenas e frases clássicas das adaptações, personagens, locações, iconografias e muito mais. Alguns elementos que posso mencionar aqui sem estragar a experiência são: uma tartaruga de pelúcia, a gênese da frase “Sou sua fã número um”, a cena de Annie com o copo d’água remetendo à recente adaptação de “Jogo Perigoso”, a frase “…um abraço, depois uma facada nas costas” remetendo à eventos de “Carrie, a estranha”, a frase “…você quer sair para procurar um garoto morto?” que remete à jornada dos garotos do conto “O Corpo”, a Mansão Marsten, Castle Lake, a prisão estadual de Shawshank, dentre outros.

A segunda temporada de “Castle Rock” é um presente para os fãs do kingverso, um presente mais agradável e palatável do que a primeira temporada, com atuações ótimas, um enredo intrigante, muito mais sangue, gore do que vimos na temporada inicial e um milhão de referências para você pescar enquanto assiste os dez episódios dessa temporada. Eu particularmente estou doido para saber como será a próxima, quais obras você gostaria de ver misturadas em uma próxima temporada de Castle Rock?

Conheça melhor os personagens da segunda temporada de Castle Rock, lendo “Misery: Louca Obsessão”, “Salem” e o conto “O Corpo” presente na antologia “Quatro Estações”. Grande agraço e até o próximo café!

Quantos cafés a segunda temporada de “Castle Rock” merece?

2 comentários sobre “SÉRIE: CASTLE ROCK – 2ª TEMPORADA

  1. RODRIGO LUCAS disse:

    Devorei a segunda temporada em dois, três dias e foi muito bem costurada todas as referências, li algumas críticas que não gostaram da mistura mas eu achei ela bem feita e bem utilizada.

    Curtido por 1 pessoa

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