“O Filho da Queda: O Herege” é o mais novo lançamento do autor nacional independente T.C. Oaks, a obra que mistura fantasia com terror ficou entre os finalistas do 1º Prêmio Aberst de Literatura na categoria Romance Terror/Horror.

Na trama, ambientada na cidade de São Paulo, um serial-killer conhecido pela alcunha de O Herege aterroriza a comunidade católica e enlouquece o delegado Carlos Eduardo, responsável pela caça ao assassino conhecido por atacar e matar apenas pessoas da classe sacerdotal de forma cruel, brutal e covarde. As aparições repentinas e desaparecimentos do assassino tornam o caso complicado, porém, inesperadamente uma garota é encontrada vagando nua e coberta de sangue, sangue proveniente de uma nova cena de crime cometido pelo Herege, essa é a primeira vez que alguém sobrevive ao assassino e a primeira chance de Carlos se aproximar das respostas que tanto busca. Carlos não é a única pessoa obcecada pelo Herege, seu amigo Vini, um repórter especializado em notícias envolvendo teorias da conspiração, também se vê intrigado pelo assassino e acaba se envolvendo nas investigações.

Ele se aproximou do objeto no altar no intuito de tirá-lo de lá, mas, ao vê-lo, finalmente gritou. Encontrara o Padre Jair, ou melhor, sua incandescente cabeça.

Jack é um jovem psiquiatra com sua carreira em ascensão, porém, seu relacionamento com Walkyria segue o caminho inverso. Diante das negativas da parceira de consumar a relação casando-se, o relacionamento termina e o psiquiatra precisa lidar com o término ao mesmo tempo em que surge um novo e complicado caso: o de uma assassina que se julga caçadora de criatura das trevas. Seria ela louca ou apenas uma criminosa fria tentando se livrar de seus crimes apelando para a insanidade?

Ela, na verdade, dizia que não havia matado as pessoas, mas “Libertado seus espíritos do domínio demoníaco!” e que “Eles estavam mortos bem antes de eu chegar”.

A realidade de Carlos e Jack são abaladas quando seus casos se misturam e elementos místicos e sobrenaturais ameaçam suas realidades, fazendo com que os personagens questionem não somente suas próprias sanidades e visões de mundo, Carlos e Jack precisam entender e reencontrar a fé. Criaturas míticas estão soltas no nosso mundo, tramando contra a nossa realidade, tentando resgatar uma era dragada pela fúria do Criador, eles precisam encontrar o Receptáculo perfeito para que seus planos se concretizem e o ser humano para eles são apenas vasos descartáveis.

A escrita de T.C. Oaks é incrível e transita entre o realismo e o fantástico de forma natural e orgânica, demonstrando total domínio sobre o universo que ele criou aqui. É complicado falar sobre mitologia sem soar datado, contudo, o autor consegue criar seu próprio universo de uma forma original, tudo o que envolve suas criaturas e o seu universo mistico e mitológico é simplesmente épico. Os personagens são muito bem construídos, cheios de camadas, dúvidas e pendências pessoais, o senso de perigo e o agrupamento de certos personagens funciona e o leitor se apega facilmente em cada um deles.

Há cenas extremamente gráficas, o leitor consegue ver aquilo que está se passando como se fosse uma cena de um filme, tamanha é a habilidade do autor em descrever cenários e ações, há brutalidade, crueza, crueldade, sangue e tripas em diversas cenas, o conteúdo da obra é denso e forte e o autor não faz questão de cortar, ele mostra tudo! Além disso, eu gostei bastante da ambientação de boa parte da trama se passar em São Paulo, mais especificamente nos subterrâneos da cidade e em lugares tidos como abandonados.

A única ressalva que tenho quanto à obra é o fato dela não possuir um apêndice dedicado às criaturas do universo criado pelo autor, pois em vários momentos eu fiquei perdido sobre quem era uma ou outra criatura, o que com toda a certeza tornou meu tempo de leitura mais lento, se eu puder dar uma dica, faça anotações enquanto estiver lendo.

“O Filho da Queda: O Herege” é o meu primeiro contato com a escrita do autor e eu fiquei pasmo com a qualidade do material. Como eu já disse aqui e tornarei a dizer ainda muitas vezes, o nosso país é muito rico em literatura e repleto de autores incríveis que, por não serem publicados por uma grande editora, acabam não chegando ao conhecimento do grande público. Obras como esta mereciam estar entre os livros mais vendidos do gênero e autores como T.C. Oaks e outros que vivo indicando por aqui, deveriam ser mais lidos pela nossa comunidade leitora. Espero poder ter a oportunidade de ler mais obras do autor e a julgar pelo encerramento de O Herege, creio que revisitarei esse universo criado por ele em breve.

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Quantos cafés “O Filho da Queda: O Herege” merece?