Dirigida por Lee Unkrich, “Coco” (Viva: A Vida é Uma Festa) é a mais nova animação da Disney, produzida pela Pixar, que entrou em cartaz aqui no Brasil na primeira semana do ano.
Na trama, o jovem Miguel sonha em ser um músico famoso, mas é obrigado a confrontar seu sonho com a ancestral proibição da música pela sua família.
Hoje em dia, toda a família do garoto trabalha no ramo de fabricação de calçados, mas nem sempre foi assim, a música tornou-se tabu e ganhou status de maldição para a família quando o tataravô de Miguel “abandonou” a mulher e a filha para seguir uma carreira musical.
Mesmo diante da proibição, o jovem decide enfrentar o tabu que sua família tem pela música em um show de talentos durante o Dia dos Mortos, porém, os planos de Miguel fracassam quando sua Abuelita (avó) deixa claro de uma vez por todas que não vai tolerar que música entre e destrua sua família mais uma vez.
Miguel não desiste e faz uma grande descoberta sobre o seu tataravô, ele foi um músico muito famoso que até hoje é cultuado por milhares de pessoas, então, com os sonhos renovados, o jovem tenta em uma atitude de desespero conseguir um violão para participar do tal show de talentos, porém tudo que consegue, é adentrar no Mundo dos Mortos e por lá precisa ser abençoado pela sua família que já não está no plano dos vivos para que possa voltar, caso não consiga a bênção até o nascer do sol, o garoto ficará preso no Mundo dos Mortos para sempre.
Se a premissa do filme não parece original, já vimos histórias de personagens enfrentando a família para viver seus sonhos diversas vezes em animações, “Coco” consegue ser diferente em outros quesitos, eu não lembro bem onde escutei essa frase, mas aqui ela faz todo o sentido: “Não é sobre o pote de ouro no fim do caminho, é sobre a jornada até o pote de ouro”.
“Coco” é um filme sobre uma jornada de descobertas sobre a vida, o que acontece após ela e os nossos sonhos, a importância de se lembrar dos que já partiram, além de nos permitir conhecer aspectos do folclore mexicano.
Miguel se vê obrigado a ir contra tudo que sua família acredita ferrenhamente para realizar o maior sonho de seu coração, constantemente buscando aprovação, seja de sua família em vida ou de sua família morta. É só quando percebe que o enfrentamento não surtirá grandes efeitos e que na realidade ele não precisa da aprovação de ninguém para realizar seu sonho é que o personagem tem êxito em sua jornada.
Não entenda o fato de eu ter dito que ele não precisa da aprovação, como se o personagem fosse simplesmente dar as costas para a família, pelo contrário, Miguel aprende outras formas de demonstrar seu ponto de vista de forma mais efetiva do que o enfrentamento.
Lá no Mundo dos Mortos, Miguel conhece Héctor, uma caveira que constantemente busca visitar o mundo dos vivos no Dia dos Mortos, mas nunca consegue autorização para tal, uma vez que as pessoas de seu passado parecem estar se esquecendo dele. Com a ajuda de Héctor, Miguel corre atrás de seu tataravô desaparecido no Mundo dos Mortos, e mais uma vez a frase que disse no início da minha análise se prova perfeita para a jornada do jovem.
As cores e todos os aspectos técnicos dessa animação são incríveis, a música tema “Remember Me” gruda na cabeça e possui dois sentidos, tendo em grande parte da animação uma conotação triste para tornar-se uma coisa totalmente diferente no final; até a canção tema sofre uma transformação durante a jornada do personagem.
Héctor, Miguel e seu cãozinho Dante sofrem transformações incríveis durante o longa e se mostram personagens memoráveis e surpreendentes, eu te garanto que você vai chorar em pelo menos uma cena, se seu coração for daqueles bem duros.
“Coco” é uma animação que nos faz aprender um pouco mais sobre uma cultura diferente, nos mostra a importância da família, como também, a importância de quebrar tabus e superar o passado para que a vida não estagne e sim possa seguir em frente.
O filme também lida com a questão da morte de uma forma diferente, mostrando que o pós-morte não necessariamente precisa ser vazio, frio e incolor, pode ser um lugar de luz, felicidade e celebração à vida, tudo isso sem deixar de frisar que nossos atos aqui podem determinar nossos caminhos do outro lado, além de fazer com que pessoas não inseridas na cultura mexicana possam entender o significado de ter um dia para festejar as pessoas que já não estão mais conosco.
“Viva: A Vida é uma Festa” foi indicado ao Oscar 2018 nas seguintes categorias: Melhor Animação e Melhor Canção.
Quantos cafés “Coco” ou “Viva: A Vida é uma Festa” merece?
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