“Ozark” é uma série dramática de 2017 criada por Bill Dubuque e Mark Williams, estrelada por Jason Bateman, que também dirigiu os dois primeiros e dois últimos episódios dessa primeira temporada que está disponível na Netflix.
Marty Byrde (Jason Bateman) é um conselheiro financeiro que vive em Chicago trabalhando em uma firma de investimentos que fundou com seu sócio e amigo Bruce Liddell (Josh Randall). A pequena firma tem uma grande oportunidade de crescimento quando um potencial cliente fica impressionado pela inteligência de Marty, que estuda seu portfólio de investimentos e não só percebe que há documentos adulterados, como também o fato de que esse potencial cliente não trabalha na verdade com aquilo que diz e que para piorar, ele está sendo passado para trás.
Diante de tais revelações feitas por Marty, Del Rio (Esai Morales) passa a querer que Marty trabalhe exclusivamente para ele e abandone seu parceiro de negócios, prometendo que o consultor nunca mais precisará se preocupar com dinheiro na vida.
A proposta não agrada Marty, pois ele sabe bem do que o trabalho se trata, não deseja abandonar o amigo e sócio, mas por outro lado, está passando grandes dificuldades em casa com sua mulher que começa a apresentar sintomas de depressão por não conseguir um emprego após ter dedicado grande parte da sua vida com a criação dos filhos do casal. Tudo piora depois que um acidente agrava o emocional de Marty e sua esposa, o consultor sempre sincero decide explicar para a parceira a proposta de Del Rio e juntos eles decidem que Marty trabalhará para Del Rio lavando dinheiro para um cartel.
Uma das exigências de Marty para aceitar o trabalho é manter o seu negócio como ele sempre foi, ou seja, a parceria com Bruce, porém, talvez Marty tivesse se dado melhor ao abandonar o amigo. Com o tempo, ambos começam a ganhar muito dinheiro, Marty se mantém com os padrões de vida que já tinha, sem esbanjar ou chamar atenção, porém Bruce comete extravagâncias e o grande erro de roubar Del Rio, o que além de causar sua morte, deixa Marty em maus lençóis.
Temendo ter o mesmo destino de seu ex-sócio, Marty em uma atitude desesperada propõe um trato com Del Rio de lavar ainda mais dinheiro em um curto período de tempo no Lago Ozarks, uma região que atrai muitos turistas durante o verão e possuí diversas possibilidades para o consultor exercer sua função e lavar dinheiro para o cartel.
Então, Marty é obrigado a fugir com a sua família para o Lago Ozarks, sendo constantemente vigiado pelos capangas de Del Rio e vivendo sob a pressão de conseguir lavar a quantidade de dinheiro que prometeu antes que o prazo dado por Del Rio acabe, porém, o Lago Ozarks se mostra um região perigosa, repleta de segredos, pessoas de índole questionável e o consultor e sua família acabam se envolvendo com ainda mais problemas do que encontrando soluções.
A chegada de um agente do FBI só complica ainda mais a vida de Marty e sua família e por falar nisso, o agente do FBI responsável pela operação Roy Petty (Jason Butler Harner) assusta por ser tão calculista, frio e emocionalmente instável.
É impossível não fazer uma comparação entre Ozark e Breaking Bad, uma vez que ambas as séries tratam de personagens essencialmente bons que acabam sendo transformados pelas circunstâncias, porém, as semelhanças entre as duas produções ficam somente nesse fato e na relação dos personagens com as drogas, sendo em Breaking Bad algo muito maior, uma vez que Walter White fabricava metanfetamina e em Ozark, Marty apenas lava o dinheiro para o cartel. Porém, só por ser comparável à Breaking Bad, Ozark já merece muita atenção.
Os segredos de Marty e sua esposa Wendy Byrde (Laura Linney) conferem ao casal, e à família como um todo, um tom desfuncional. Marty trabalha para um cartel e não tem tempo para a esposa e os filhos, Wendy se vê sozinha depois que o marido passa a trabalhar para o cartel e passa a manter uma relação extra-conjugal e após terem que fugir para Ozark, os filhos também são influenciados por todo esse clima tenso e passam a agir de formas estranhas, sendo forçados a crescer e amadurecer antes da hora.
Essa dinâmica familiar desenvolvida pela série é simplesmente sensacional, você se vê preso à uma família onde um membro depende da ação do outro para sobreviver, mas todos eles possuem muita tensão em relação uns aos outros, é sufocante, atordoante e desesperador, parece que a qualquer momento você verá uma merda colossal acontecendo em tela e isso não para somente na promessa.
A série, com classificação indicativa para maiores de dezoito anos, possui muitas cenas gráficas de violência e sem medo ou pudor de mostrar sangue, ossos e tripas escorrendo pela parede. A série é brutal na medida certa, sem apelar somente para isso para sobreviver, a violência aqui é uma consequência da tensão crescente.
Eu não poderia deixar de mencionar o incrível trabalho de todo o elenco, desde a família Birdy, até os residentes de Ozark. O núcleo da família de meliantes Langmore é absolutamente incrível, Ruth Langmore (Julia Garner) é uma personagem extremamente badass que aos poucos vai mostrando sua verdadeira essência, é cheia de camadas e é fascinante ver essas camadas caindo e sendo expostas uma a uma.
Outro destaque com toda a certeza é o da família Snell, que sofreu uma grande perda quando parte de suas propriedades foi imundada por uma grande empresa de energia para construir o lago que dá nome a serie; ter em cena a imprevisível Darlene Snell (Lisa Emery) e o frio e calculista Jacob Snell (Peter Mullan) é indicativo de que você vai roer todas as unhas das suas mãos de tanta tensão.
“Ozark” é uma série tensa que redefine os significados da palavra tensão, é impossível você não passar de um episódio para outro com a sensação de que precisa ver logo o que vai acontecer à seguir, apesar de conter cenas extremamente angustiantes e violentas. A série que coloca uma pessoa de essência intrinsecamente boa em uma situação extremamente perigosa que transforma e afeta tudo ao seu redor é simplesmente fascinante (meu Deus, quantas vezes falei essa palavra nessa resenha?). Eu mal posso esperar pela segunda temporada para conferir as consequências daquela season finale monstra e digna de toda a série, eu só posso dizer que se na primeira temporada fiquei sem as unhas, não duvido que acabe ficando careca de tanto arrancar os cabelos na temporada que está por vir.
Quantos cafés a primeira temporada de “Ozark” merece? Are you fucking kidding me?
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