LIVRO: BEM MAL ME QUER – H. PUEYO

Bem mal me quer é uma novela de fantasia sombria escrita por H. Pueyo e lançada pela editora Dame Blanche em fevereiro do ano passado. Esse foi o meu primeiro contato com a escrita da autora e também meu primeiro contato com esse gênero.

Eficiência e discrição são qualidades obrigatórias para trabalhar na Casa Caprichosa. Afinal, ninguém quer ser a próxima vítima da proprietária, Anatema — uma gigantesca criatura aracnídea com gosto por láudano e por noivinhas humanas (que sempre encontram um fim trágico na residência).

A antiga guarda-chaves da residência acaba de ser morta e deglutida por Anatema, após a proprietária descobrir que uma de suas memórias (pequenas miniaturas criadas com fios de teia pela própria criatura) desapareceu. Anatema sequer deu uma chance para a antiga funcionária se defender e agora, com a barriga cheia, se questiona se engoliu a verdadeira responsável pelo crime.

Seja ousada, mas não tão ousada…

Assim, cabe a Dália, a nova guarda-chaves, descobrir se a antiga funcionária foi a responsável pelo roubo ou se o ladrão ainda está presente entre os funcionários da Casa Caprichosa — do contrário, ela terá o mesmo destino da antiga guarda-chaves. 

Muito bem treinada, Dália executa suas funções com esmero, não só por gostar do que faz, mas principalmente por saber o destino das pessoas que desagradam Anatema. Aos poucos, Dália começa a conquistar a confiança de Anatema e as duas desenvolvem uma relação mais próxima conforme a guarda-chaves avança em sua investigação.

O roubo não é o único mistério irresistível dentro da Casa Caprichosa, tudo o que cerca a existência de  Anatema é intrigante.

Anatema é uma das últimas, senão a última Arcaica viva. Ela vive nessa espécie de mansão/palácio rodeada por funcionários que cumprem funções específicas, possuem acessos limitados aos andares e convivem com o risco de serem devorados caso cometam algum erro. Além de beber láudano como se fosse água, tecer memórias e comer doces e comidas extravagantes, Anatema também é recorrente em sua procura por uma noiva. Várias pretendentes já entraram na Casa Caprichosa e nenhuma delas saiu com vida.

Anatema não gosta de ser vista, ela sabe que sua aparência não é humana e portanto passível de assombro, afinal ela emana certa aura de perigo crônico. Dessa forma, tende a devorar suas noivinhas quando elas a contrariam, quando elas decidem olhar para seu rosto sem permissão, ou quando fazem qualquer coisa que desagrade a criatura de alguma forma. Sendo assim, conforme a investigação e a relação de Dália com Anatema estreitam, ambas começam a criar uma ligação sem precedentes, mesmo cientes de todos os riscos envolvidos, pois a criatura enfrenta contrariedades com uma bocarra gigante e um estômago sempre faminto para encerrar um conflito.

Esse meu primeiro contato com a escrita da H. Pueyo foi fantástico, a escrita dela é bem fluída, a história é interessante, os personagens são diferentes do comum, intrigantes e magnéticos, a Casa Caprichosa em si e todas as características que cercam ela e sua proprietária e todo o universo construído pela autora é um deleite em forma de fantasia sombria, que apesar das sombras, consegue ser bastante iridescente.

Bem mal me quer é mais uma prova do quão suculenta, iridescente e irresistível é a nossa literatura. É uma delícia adentrar no universo construído por H. Pueyo, tão delicioso que bate certa tristeza pós refeição pela história não ter mais páginas, eu com certeza leria mais páginas e mais histórias nesse universo, com uma tacinha de láudano e umas patinhas empanadas de tarântula para harmonizar.

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Quantos cafés Bem mal me quer merece?

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