O Grande Deus Pã é uma novela publicada pela primeira vez em 1880 pelo escritor e jornalista galês Arthur Machen, a obra foi publicada no período decadentista da literatura inglesa, que influenciou a nova literatura gótica, como é o caso de H.P. Lovecraft, criador do horror cósmico. Esta obra em particular também inspirou o autor estadunidense Stephen King, que ofereceu sua obra “Revival” à Machen, entre outros autores.
Imediatamente após terminar a leitura do sensacional “Revival”, lembro que cheguei a procurar pela internet pelo livro “O Grande Deus Pã” e não encontrar; mas, eis que esse ano em virtude de uma parceria entre a Editora Penalux para o projeto #SetembroPolicial, descobri que em 2016 eles publicaram a obra aqui no Brasil e fizeram a gentileza de me enviar, afinal, se o próprio Stephen King se confessou aterrorizado com Machen, com toda a certeza é leitura obrigatória para quem gosta do gênero, você pode encontrar o livro aqui.
Eu brinquei com energias que eu não entendia, você viu no que isso resultou.
Na história, o Dr. Raymond chama seu amigo Clarke para acompanhá-lo em uma experiência científica, até aí, tudo bem. O problema é que o objetivo dessa experiência é rasgar o véu que separa a nossa realidade de uma outra, mais obscura e perigosa e finalmente poder enxergar o Grande Deus Pã.
O deus Pã, para quem não conhece, é um deus da mitologia grega, deus dos bosques e dos pastos, além de responsável por guardar rebanhos e pela multiplicação dos mesmos, era dotado de chifres e pernas de bode. Porém, Machen não o elegeu como um símbolo das forças ancestrais apenas por conta das características citadas, a palavra pã significa tudo e dá origem à palavra pânico, além disso, a entidade representa a própria força da natureza.
Como se já não fosse loucura suficiente brincar com energias desconhecidas tentando rasgar um véu entre realidades e invocar a presença de uma entidade que representa a própria força da natureza, o Dr. Raymond realiza essa experiência se utilizando do corpo, alma e mente de Mary, uma jovem mulher que foi criada por ele, quando a tirou da sarjeta em condições desumanas, fato que para ele, significa ter o direito de fazer o que bem entender com a moça, sim, o cara é mais louco que o Batman!
-Sim – disse o doutor, ainda com total frieza – É uma grande pena; está irremediavelmente idiotizada. Contudo, não havia outro meio; e, afinal, ela viu o Grande Deus Pã.
Anos após essa experiência, somos pouco a pouco apresentados à vários personagens que possuem poucas coisas em comum, sendo a principal delas o encontro com uma mulher chamada Helen Vaughan. Então, Machen nos faz seguir os passos dessa misteriosa mulher e nos desafia a desvendar seus objetivos misteriosos e cruéis.
A novela é dividida em capítulos curtos, onde em cada um deles somos apresentados à personagens que tiveram contato com Helen de alguma forma, construindo e revelando aos poucos as facetas da tal mulher. Na medida que a história avança, o eventos começam a tomar proporções cada vez maiores e uma onda de suicídios começa a se alastrar por Londres, suicídios esses que passam a ser investigados por Clarke, que não tarda a perceber que Helen é o único elo entre todas as mortes
O Sr. Ninguém morreu de medo, de puro, horrível terror; nunca vi feições tão hediondamente contorcidas no transcorrer todo de minha prática, e olhe que eu vi os rostos de um grande número de mortos.
Agora, após concluir a leitura, consigo entender o motivo pelo qual Stephen King ficou tão aterrorizado, o suspense, o mistério e o medo são crescentes nessa obra e o desenrolar de todo o mistério é simplesmente aterrador, a forma com que Machen construiu o livro pode ser descrita da seguinte forma: o início é como um arrepiar nos pelos do braço que vai se alastrando por todo o corpo conforme a obra avança, até que ao final dela, você vai perceber que até os músculos do seu coração estão tensos. Adorei ter essa introdução ao terror cósmico, subgênero do terror difundido por H.P. Lovecraft, e essa sensação de conhecer um terror diferente, sentir um terror mais primal do que estou acostumado, foi maravilhosa.
“O Grande Deus Pã” é um livro de terror que comprova aquele ditado de que quanto maior o frasco, mais forte o veneno é. O livro é curto e de uma intensidade gigante, ouso dizer que a editora deveria colocar um aviso de que esse livro não deveria, sob hipótese alguma, ser ligo durante a noite.
Quantos cafés cósmicos O Grande Deus Pã merece?
Rapaz, eu aprendi a gostar do King, mas não adianta eu não consigo ser adepto ao terror assim, já li algumas coisas do Lovecraft (principalmente Cthullhu), não sei exatamente o porquê mas não consigo ser absorto por esse tipo de leitura ( eu acho que deveria agradecer por isso, haha)
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Olá Kaio!
Entendo, esse tipo de literatura é tensa mesmo, não são muitos que chegam ao ponto de amar o gênero.
King é maravilhoso, não tem como não amar né?
Grande Abraço!
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Arrasou na resenha Luke!
Que bom que vc gostou tanto do livro o/
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🐺
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